Nesta sexta-feira (22), advogados catarinenses decidirão o futuro da OAB/SC. As urnas irão revelar se a advocacia deseja manter a atual gestão ou mudar os rumos da seccional estadual. A disputa reflete a influência política que há anos domina a OAB, tanto em Santa Catarina quanto em âmbito nacional.
O CONTROLE DO GRUPO POLÍTICO
A OAB nacional está há anos sob o comando do mesmo grupo político. O atual presidente, Beto Simonetti, segue a linha de seus antecessores Marcus Vinícius Furtado e Felipe Santa Cruz. Este último, durante sua gestão, teve postura considerada por muitos como favorável à esquerda, com críticas contundentes à direita. Em 2022, Santa Cruz, que é filho de fundadores do PT, declarou publicamente apoio ao presidente Lula durante a eleição no Rio de Janeiro, evidenciando seu alinhamento político.
No cenário estadual, a disputa também expõe conexões políticas. O catarinense Rafael Horn, atual vice-presidente da OAB nacional e candidato à presidência federal, tem seu nome associado ao petista Gabriel Kazapi. Ambos foram fotografados participando de um adesivaço da Chapa 3, gerando repercussão nas redes sociais.
ALIANÇAS DISCRETAS E QUESTIONAMENTOS
A fotografia de Horn e Kazapi, publicada pelo advogado Juliano Mandelli, candidato da situação à presidência da OAB/SC, chamou atenção. Mandelli, porém, apagou a publicação, reforçando a percepção de que a relação com o petista é conveniente, mas deve ser mantida sob discrição.
Outro episódio que levantou suspeitas foi a entrega de um título de cidadão honorário de Florianópolis a Kazapi. A cerimônia, realizada no gabinete da presidência da OAB nacional em Brasília, destoou do protocolo usual, que seria uma solenidade na Câmara Municipal de Florianópolis.
CRÍTICAS À POLITIZAÇÃO DA OAB
A crescente proximidade da OAB com movimentos políticos tem gerado insatisfação entre advogados e a sociedade. A entidade, que deveria focar na defesa das prerrogativas da advocacia, enfrenta críticas por sua postura considerada fraca diante de excessos de autoridades, tanto em Brasília quanto em Santa Catarina.
ELEIÇÃO POLARIZADA
A eleição da OAB/SC reflete esse descontentamento. Três chapas disputam o comando da seccional: a situacionista, que apoia Juliano Mandelli a presidência estadual e Rafael Horn ao Conselho Federal, e as oposicionistas, uma liderada por Vivian Degann com o apoio do Candidato ao Conselho Federal Tullo Cavallazzi, e a outra pelo Advogado Rodrigo Curi. A candidatura de Curi, no entanto, apresenta menor expressão frente às duas principais forças.
UMA OAB SEM PARTIDOS
A expectativa dos advogados e da sociedade é por uma OAB que se mantenha imparcial, focada na advocacia e em sua missão institucional. Resta saber se o resultado das eleições atenderá esse anseio ou se reforçará o domínio político-partidário dentro da Ordem. Amanhã, as urnas darão a resposta.