Dólar chega a R$ 6,10 e atinge maior valor desde 1994

Pouco antes das 10h00 desta sexta-feira (29), o dólar atingiu impressionantes R$ 6,10, o maior valor nominal desde junho de 1994

Por Redação

Publicado em 29/11/2024 15h05 | Atualizado há 4 horas

Após estabelecer dois recordes históricos na quarta-feira (27) e na quinta-feira (28), a taxa de câmbio continua sua escalada vertiginosa. Pouco antes das 10h00 desta sexta-feira (29), o dólar atingiu impressionantes R$ 6,10, o maior valor nominal desde junho de 1994, marcando um período crítico desde o início do Plano Real. Contudo, a alta começou a desacelerar após declarações contundentes dos líderes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. Por volta das 13h30, a moeda americana era negociada a R$ 5,99.

Os investidores, entretanto, permanecem céticos quanto à eficácia do novo arcabouço fiscal. A percepção predominante é de que as medidas apresentadas pelo governo são insuficientes para restaurar o equilíbrio orçamentário. Ao contrário, muitos analistas acreditam que as mudanças, apenas parcialmente elucidativas pelo Ministério da Fazenda, podem acentuar a deterioração das contas públicas.

Especialistas apontam que essa proposta representa uma grande oportunidade perdida pelo governo. Com a economia em um momento favorável, com o desemprego em queda e um crescimento do Produto Interno Bruto superando expectativas, o governo tinha a chance de aumentar a arrecadação e restringir os gastos, elevando a solvência nacional.

Em vez disso, a escolha foi clara: aumentar os gastos, um movimento que poderá justificar novas altas na taxa Selic pelo Banco Central.

Diego Gardi, gerente comercial e analista da B&T Câmbio, destaca que o patamar dos R$ 6 carrega um forte impacto psicológico, configurando-se como um ponto crítico que poderá se tornar um novo suporte, semelhante ao que foi observado na abertura do mercado.

Expectativas em Relação à Taxa Selic

Na quinta-feira (28), dados do Copom apontam uma probabilidade de 71,5% para uma alta de 0,75 ponto percentual na Selic na próxima reunião, marcada para 9 e 10 de dezembro. As opções para um aumento de 1,0 ponto percentual têm uma probabilidade de 19%. Até mesmo possibilidades extremas de altas de 1,25 e 1,50 ponto percentual estão no radar, embora consideradas improváveis, com a B3 atribuindo somente 1,08% de chance a um aumento arrebatador de 1,50 ponto percentual, elevando a Selic esperada para 12,75% até o final de 2024.

Para efeito de comparação, na edição mais recente do Relatório Focus, a projeção era de 11,75%, indicando uma revisão significativa nas expectativas.

“Para as empresas brasileiras, a taxa de câmbio elevada representa tanto um desafio quanto uma oportunidade. As exportadoras podem colher frutos, enquanto as importadoras enfrentam uma pressão crescente nos custos. Investidores devem estar atentos ao impacto dessa volatilidade nas margens de lucro e buscar setores resilientes, como commodities e tecnologia”, afirma João Kepler, CEO da Equity Fund Group.

Reações no Congresso

Hoje, os líderes da Câmara e do Senado se pronunciaram pela primeira vez sobre o pacote enviado pelo governo. Arthur Lira, presidente da Câmara, garantiu que os congressistas demonstrarão “boa vontade” ao analisar as propostas de cortes de gastos, destacando que qualquer medida que implique queda na arrecadação será discutida somente no próximo ano. Com informações SC Agora.

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