Vereadora petista tem mandato cassado após acusação falsa de “gesto nazista”

Lembra da polêmica envolvendo um suposto gesto nazista, que depois provou-se ter sido uma acusação criminosa e caluniosa? Pois é! As consequências para os acusadores finalmente chegaram

Por Redação

Publicado em 04/02/2023 13h57 | Atualizado há 139 dias

A Câmara de Vereadores de São Miguel do Oeste, cidade catarinense alvo de uma gigantesca fake news criada por uma coalisão partidária, realizou na noite desta sexta-feira (03) a sessão extraordinária para votar o relatório final da Comissão de Inquérito do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, referente às duas denúncias recebidas em face da vereadora Maria Tereza Zanella Capra (PT).

A sessão, que começou às 18h de sexta, encerrou quase dez horas depois, na madrugada de sábado (04).

Por 10 votos a um, a Câmara decidiu cassar o mandato de Maria Tereza, que abandonou a sessão antes mesmo do fim, quando saiu do local acompanhada de seus apoiadores.

A denúncia sob nº 2929 foi apresentada pelo advogado Brendo Luiz de Pizzol Barroso e acusa a vereadora Maria Tereza Capra de ter praticado “infração político-administrativa grave, sujeita à apuração e sanção pela Câmara Municipal de Vereadores” pelo fato de ter utilizado sua rede social Instagram para “propagar notícias falsas e atribuir aos cidadãos de Santa Catarina e ao Município de São Miguel do Oeste o crime de fazer saudação nazista e ser berço de célula neonazista”.

Já a denúncia sob nº 2957 foi apresentada por Luiz Guerini, Marilene Santin Guerini, Daiana Michele Sossmeier, Ivonei Dalla Corte, Marcelo de Wallau da Silva, Everson Elio Rospide, Karin Fatima Mollmann, Jecson Pazini, Vera Lúcia Oliveira Soares Bandieira, Juarez Segalin, Deizi Bandieira, Itamar Fonini e Laerte José Rasche, contando ainda com um abaixo-assinado contendo 1.266 assinaturas de munícipes todos identificados, com data e local.

Essa denúncia trazia dois fatos distintos. O primeiro citava manifestação ocorrida em 2 de novembro de 2022, em frente ao 14º Regimento de Cavalaria Mecanizado, em que centenas de manifestantes realizaram uma manifestação pacífica e que “em dado momento da manifestação, antes da execução do Hino Nacional, os manifestantes foram conclamados pelo locutor do evento, empresário local, a estenderem a mão sobre o ombro da pessoa à sua frente ou, se não houvesse, para que estendessem o braço, a fim de ‘emanar energias positivas’”, conforme o texto.

Disse a denúncia que as imagens do gesto durante a execução do Hino Nacional rapidamente viralizaram nas redes sociais, tentando associá-lo à saudação do regime nazista. Ressaltam que o Ministério Público de Santa Catarina iniciou uma investigação sobre a manifestação, a qual concluiu que não houve apologia ao nazismo durante a manifestação.

Segue o relatório: Declaram os denunciantes que “mesmo sabendo que os gestos não se tratavam de apologia ao nazismo, a vereadora Maria Tereza Zanella Capra utilizou de sua rede social Instagram para propagar notícias falsas e atribuir aos cidadãos de São Miguel do Oeste o crime de fazer ‘saudação nazista’ e ser ‘berço de células neonazistas’.” Cita a denúncia ainda que diante da repercussão negativa, a mensagem “teve amplo alcance nas redes sociais, fazendo com que o município de São Miguel do Oeste seja conhecido como ‘terra de nazistas’”.

O segundo fato apontado na denúncia citava condenação criminal de Maria Tereza Capra em segunda instância, pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, por prática de crime contra a lei de licitações, “pela contratação de shows artísticos sem o devido procedimento licitatório, na época em que exercia a função de secretária municipal de Cultura”. A denúncia dizia ainda que Capra teve registro de candidatura a deputada federal indeferido, e que “se a representada está inelegível, o exercício da vereança é incompatível do ponto de vista da ética e do decoro parlamentar”.

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