Pela primeira vez desde sua inauguração em 1992, a barragem de José Boiteux, localizada no Alto Vale do Itajaí, começou a verter na noite de sexta-feira (13), registrando seu vertimento às 22h05min. Mesmo com o vertimento controlado e monitorado por equipes técnicas, a situação preocupa cidades downstream como Blumenau e Itajaí, que já enfrentam ruas alagadas.
A Barragem Norte, situada em José Boiteux, é reconhecida como a maior do estado, tendo a capacidade de conter até 357 milhões de metros cúbicos de água, valor superior à combinação das barragens de Taió e Ituporanga. Sua função primordial é a contenção de cheias, podendo segurar aproximadamente dois metros de água do Rio Itajaí-Açu na área de Blumenau.
Entretanto, o histórico da barragem é marcado por conflitos e impasses, sobretudo com os indígenas Laklanõ Xokleng. A estrutura, que foi construída na Terra Indígena, legalmente demarcada, afeta a comunidade sempre que há fortes chuvas, inundando territórios e isolando os habitantes.
Em meio às tensões entre o governo do estado e os indígenas, o fechamento das comportas da barragem, que ocorreu na última semana, foi uma decisão controversa, com o governo inicialmente se abstendo de fechá-las por questões de segurança.
A situação dos indígenas é agravada pela alegada falta de assistência das autoridades públicas. Recentes apelos da comunidade indígena, mediados pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), foram encaminhados à Justiça Federal, que solicitou a comprovação de medidas de apoio pelo governo estadual e pela União.
Com a atual vertente da barragem de José Boiteux e a situação das barragens de Taió e Ituporanga, que também estão vertendo, a preocupação aumenta para cidades como Blumenau e Itajaí. A barragem de José Boiteux, inaugurada em 1992 após o início das obras em 1972, serve de referência para outras estruturas do país, e o evento atual marca um momento inédito em seus 31 anos de história.