A nota de R$ 100, que em 1994 pagava o valor do salário mínimo e ainda sobrava troco, após 28 anos do Plano Real está valendo R$ 13,43.
Em julho de 1994, o salário mínimo era de R$ 64,79. Hoje, são necessárias 12 notas e ainda falta dinheiro para pagar o mínimo de R$ 1.212.
De acordo com cálculo feito com exclusividade pelo matemático financeiro José Dutra Vieira Sobrinho para a coluna do R7 – “O que é que eu faço, Sophia?”, a inflação, de 1º de julho de 1994 até 1º de maio de 2022, foi de 644,55%.
Na prática, isso significa que, para adquirir a mesma quantidade de mercadorias e serviços que R$ 100 compravam em 1994, o consumidor precisa desembolsar R$ 744,55.
Assim, o o poder de compra de R$ 100 mil de 1994 equivale hoje a R$ 13.910. Ou, pelo lado inverso, R$ 100 mil de hoje têm o mesmo poder de compra de R$ 753 mil de 28 anos atrás. Nos dois cenários, é possível ver como o dinheiro ‘encolheu’ nesse período.
Isso equivale a uma perda de 86,57% do poder de compra da moeda.
28 anos de real
O real completa 28 anos de existência neste mês. A nova moeda nasceu com a implantação do Plano Real, em 1994, que marcou o final do período de instabilidade monetária e de taxas de inflação galopantes, que chegaram a atingir 5.000% ao ano, de julho de 1993 a junho de 1994.
O real foi a quinta moeda à qual os brasileiros tiveram que se acostumar em uma década e após quase uma dezena de planos econômicos fracassados.
De acordo com o IBGE, entre 1980 e 1994, quando os brasileiros conviveram com a hiperinflação, o índice acumulado foi de 13.342.346.717.671,70%.
A maior variação mensal do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, foi em março de 1990 (82,39%), enquanto a menor variação foi em agosto de 1998 (-0,51%), destaca o instituto.
O salário mínimo em notas de R$ 100
Em julho de 1994, o salário mínimo era de R$ 64,79. Naquela época, a nota de R$ 100 cobria o valor e ainda restavam R$ 35,21 no bolso do trabalhador.
Atualmente, o salário mínimo tem o valor de R$ 1.212. Ou seja, são necessárias 12 notas de R$ 100 mais R$ 12 para inteirar o valor.
Apesar disso, o poder de compra do salário mínimo mais que dobrou no período: de lá para cá, o mínimo subiu 1.770% no período, enquanto a inflação foi de 653,06%. Desde 2020, no entanto, o mínimo não tem tido mais ganho real sobre a inflação.
“O real tem perdido muito valor durante essas últimas quase três décadas, mas sua implementação foi imprescindível para pararmos de conviver com inflações de três, quatro dígitos ao ano, em décadas anteriores em que economistas quebravam a cabeça para combater a hiperinflação”, diz Imaizumi.
De acordo com o economista, a inflação, hoje um problema mundial e que afeta principalmente economias mais fracas como a nossa, voltou a ser sentida com mais força pelos brasileiros, sobretudo pelos mais pobres. Isso porque a alta de preços, além de estar espalhada na maioria dos bens e serviços consumidos, está pesando mais em itens de essenciais, como alimentos, transporte (principalmente combustíveis), contas de água e luz.
“Além de tudo, a incipiente recuperação da renda do trabalho ocorre de maneira lenta. Ou seja, os reajustes nos salários não acompanham a inflação elevada”, conclui.
Texto com informações do g1