“Precisamos conversar sobre Jair Bolsonaro”: esse é o título da coluna desta quinta-feira da jornalista Luciana Moherdaui que, talvez por descuido ou falta de assunto, não percebeu que não se fala em outro alguém nesse país desde o final de 2018. Não apenas nas manchetes tendenciosamente ideológicas, mas até nos discursos oficiais constantes do atual presidente: só se fala em Jair Bolsonaro.
A referida jornalista, basta uma rápida pesquisa ao Google, também não tem outro assunto que não seja o próprio, o temível importunador de baleias, o abominável falsificador de cartãozinho do SUS.
Nem preciso comentar sobre o nível informativo ou sobre o teor conceitual da coluna que navega entre narrativas das (eternamente) supostas milícias digitais da extrema-direita tupiniquim até as fake news de Donald Trump. Tudo farinha do mesmo saco, afinal, o ultraconservadorismo tomou conta do universo digital e, segundo a autora, por culpa da imperícia tecnológica da esquerda progressista.
Talvez eles estejam tão preocupados com a distribuição de paz e amor que acabaram perdendo a batalha virtual contra o ódio. A tal jornalista chega a explanar sobre a recusa dos petistas de utilizarem “disparos em massa de fake news”. Logo eles, que nunca se recusaram em comprar, em massa, a mídia, o alto escalão do funcionalismo público e o congresso nacional seja com propina ou com dinheiro público para espalharem suas narrativas e implementarem sua agenda.
O discurso é sempre esse mesmo, batido, ideologizado, bestialmente raso e mortalmente enfadonho: Bolsonaro é inominável, inelegível, ele matou milhões durante a pandemia, ele faz fake news, ele tem o gabinete do ódio, blá-blá-blá .
Fala-se de uma imagem grotesca de Jair Bolsonaro que, embora não esteja lastreada na realidade e nos fatos concretos, habita no imaginário comum da militância vermelha que o transfere para as demais esferas da população via show business, sala de aula e jornalismo chapa branca.
Precisamos falar sobre tudo isso, mas no pouco tempo que tive para escrever essa coluna, acabei seguindo o conselho da jornalista e falando, novamente, sobre Jair Bolsonaro.
É que realmente precisamos falar sobre.