Os bastidores do projeto que já ajudou mais de 600 pessoas em Tijucas

Por Redação

Publicado em 22/05/2022 03h58 | Atualizado há 154 dias

Apesar da associação Lixo Limpo existir há apenas um ano, sua história começou 20 anos atrás, quando seu Sabino Fantin, presidente e idealizador do projeto, sofreu um acidente e experimentou, durante seis anos, a realidade de ser um cadeirante.

Este período certamente marcou a família, e principalmente seu filho, Felipe Fantin, que, dos 2 aos 8 anos, conviveu e ajudou o pai a enfrentar a luta diária de viver numa cadeira de rodas.

Foi justamente de Felipe que partiu a iniciativa para a doação da primeira cadeira de rodas. A ação, que mais tarde se transformaria numa rede de apoiadores, aconteceu quando ele e o pai estavam no quintal de sua casa, no Jardim Progresso, em Tijucas, e viram algumas crianças brincando com uma cadeira de banho danificada, além de algumas muletas.

Ao visualizar a cena, Felipe, à época com 14 anos, relembrou as dificuldades vividas por seu próprio pai, e refletiu sobre quantas pessoas tem necessidade deste tipo de equipamento.

Foi assim que o adolescente e seu pai decidiram comprar os aparelhos e dar um destino melhor. O menino já tinha intimidade com peças mecânicas, já que desde criança gostava de reformar bicicletas, que tem um padrão semelhante ao das cadeiras de rodas. “O Felipe falou ‘pai, eu vou reformar essa cadeira de banho, porque alguém pode precisar e nós vamos doar’, então ele levou lá pra trás de casa, lixou, pintou, arrumou… eu fiquei abismado com o capricho dele nessa primeira cadeira de banho, ela ficou maravilhosa”, conta Sabino.

A partir desse dia, a associação foi ganhando forma. Em uma confraternização com amigos de pesca, o projeto foi elaborado por Seu Sabino e parceiros que estavam presentes.

Atualmente, o projeto conta com um estoque de cadeiras encontradas nos ferros velhos ou oriundas de doações que serão reformadas e destinadas a quem precisa.

Felipe, apesar de sua pouca idade, abraçou a causa e segue se dedicando e sendo uma das partes principais do projeto, já que é ele que dá vida aos materiais danificados. Durante a visita da equipe do Jornal Razão à oficina, o adolescente estava transformado três cadeiras inutilizáveis em uma própria para uso, por exemplo.

O grupo se orgulha em dizer que até hoje, com um pouco mais de um ano de projeto, todas as pessoas que os procuraram, precisando não só de cadeiras, como cadeiras de banho, andadores e camas hospitalares, receberam o empréstimo com agilidade e disposição da equipe.

A prova disso é o Valmir Bairros. O morador de Tijucas tem 40 anos e precisou fazer uma cirurgia há cerca de um mês. Ele vinha lutando para manter a sua perna desde que sofreu um acidente quatro anos atrás, mas acabou contraindo osteomielite, uma doença óssea incurável.

“Na hora que eu recebi a notícia que teria que amputar a perna, meu maior desespero foi a cadeira de rodas, eu não tenho condições financeiras e tinha convicção de que uma cadeira custaria uma fortuna”, conta.

Em poucas horas, a preocupação de Valmir tinha acabado. O morador do bairro Praça conta que publicou a situação em grupos das redes sociais. Logo em seguida, uma pessoa enviou o contato do projeto lixo limpo e em questão de poucas mensagens trocadas por WhatsApp, Seu Sabino e o braço direito Osmar Vidal Rachadel Filho, mais conhecido como Mazinho Filho, já estavam na casa de Valmir para entregar uma cadeira.

Até esta quarta-feira (18), a associação, com muita dedicação e carinho de todos os envolvidos, somava a entrega de 221 cadeiras de rodas, 119 cadeiras de banho, 105 andadores, 129 pares de muletas, 11 bengalas de mão, 11 próteses mecânicas, 2 camas hospitalares, 1 bota ortopédica e 1 triciclo elétrico.

É importante ressaltar que este tipo de equipamento não é doado para as pessoas, mas sim, emprestado. “É um empréstimo pois, quando a pessoa não precisa mais, é importante que ela devolva para que a gente possa continuar beneficiando outras pessoas”, explica Sabino.

Infelizmente, poucas pessoas devolvem após o uso. “Tem gente que prefere vender por 10 reais no Facebook ao invés de devolver pra gente ajudar outra pessoa”, lamenta.

O projeto consegue as cadeiras danificadas por meio de coleta em ferros velhos ou através de doações. Neste mês, a Clinivatti fez a doação de duas cadeiras para a Lixo Limpo, por exemplo. Elas já estão na fila da oficina de Felipe e em breve estarão disponíveis para “adoção”.

O nome faz alusão tanto ao modo de coleta das cadeiras e outros materiais danificados que passam por reformas, quanto pelo jeito inusitado que a associação beneficente angaria verba para as reformas e demais despesas: lixo reciclável.

Isso mesmo! Quanto mais lixo, melhor. A redação do Jornal Razão visitou a sede do projeto, onde pudemos observar o capricho da equipe, com bolsões diferenciados, separando os materiais recicláveis, tudo separadinho para serem vendidos.

A Lixo Limpo conta com doações de recicláveis de diversas empresas de Tijucas e região. Mesmo assim, as portas da sede estão sempre abertas para doações. Principalmente após ladrões invadirem a sede e roubarem em torno de R$ 3.500,00 reais em ferramentas, material este que ainda não conseguiram repor, dificultando o trabalho de Felipe.

Após isso, a oficina foi para os fundos da casa de Sabino e Felipe, para maior segurança.

Além das ferramentas, a associação Lixo Limpo aceita doações por pix, contribuições de lixos recicláveis e os próprios equipamentos ortopédicos.

Autor: Camila Diel Gomes

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