Em meio aos gritos da torcida e à vibração da arquibancada, uma cena simples, porém inesquecível, tomou conta da pista de atletismo em Timbó, no Vale do Itajaí. Foi ali, durante a edição 2025 dos Jogos Escolares Paradesportivos de Santa Catarina (Parajesc), que a pequena Victória Kamilly da Silva, de apenas 11 anos, protagonizou um dos momentos mais marcantes do evento.
Sozinha em sua cadeira de rodas, a estudante percorreu toda a reta final da prova de atletismo. Passo a passo, roda por roda, ela avançou em direção à linha de chegada sob aplausos e gritos de incentivo. A cada metro vencido, mais forte era o apoio vindo das arquibancadas.
Representando a Escola Básica Municipal Antônia Gazini de Freitas, de Barra Velha, no Litoral Norte do estado, Victória não apenas concluiu a prova — ela emocionou quem estava ali para assistir. Ao cruzar a linha de chegada, foi ovacionada de pé por atletas, professores e familiares que acompanhavam as competições.
O momento ganhou repercussão após ser publicado nas redes sociais da Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte), que destacou o gesto como uma verdadeira demonstração do espírito dos Parajesc. “Com muito esforço, dedicação e amor ao esporte, atravessou a pista emocionando a todos que estavam aqui nesta tarde”, escreveu a entidade em homenagem à atleta.
Mas o brilho de Victória foi além da pista. Emocionada, ela compartilhou o que sentiu naquele instante:
“Foi difícil segurar a emoção. Eu só pensava em terminar a prova e em como queria que minhas professoras ficassem orgulhosas. Elas são tudo pra mim. Um dia quero ser professora de vôlei e viver momentos assim com meus alunos. Vou guardar isso pra sempre e contar para os meus filhos.”
A menina, que sonha em seguir no esporte e também em ensinar outras crianças no futuro, usou o momento como combustível para seguir em frente. Sua fala reflete não apenas gratidão, mas também uma visão de futuro inspiradora para qualquer idade.
Desde 2010, os Parajesc vêm sendo uma vitrine para talentos como o de Victória. O evento promove inclusão, visibilidade e reconhecimento para jovens com deficiência que, ano após ano, mostram que limites muitas vezes estão mais nos olhos de quem vê do que na capacidade de quem vive.
Com essa participação, Victória não levou apenas uma medalha ou tempo registrado. Levou o coração do público. E provou, com suas próprias rodas, que cada conquista merece ser celebrada — e contada, como ela mesma disse, para os filhos, para a vida, para a história.