“Apocalipse”: Argentina declara emergência por infestação de gafanhotos

O governo argentino declarou estado de emergência nas províncias de Salta, Catamarca, La Rioja e Córdoba devido a uma infestação maciça de gafanhotos. Esses insetos, avistados em grandes números, geram preocupação devido à sua alta densidade populacional, embora até agora não haja sinais de que estejam se espalhando para outras regiões.

No Brasil, particularmente no Rio Grande do Sul, as autoridades estão atentas e monitorando a situação. Entretanto, especialistas consideram o risco de invasão baixo. “As temperaturas frias e o clima atual desfavorável tornam a entrada dos gafanhotos no estado quase impossível,” afirma a Dra. Kátia Matiotti, especialista em taxonomia de gafanhotos e entomóloga pela PUCRS. Ela também menciona que as recentes enchentes e os dias frios não criam um ambiente atraente para esses insetos.

Os gafanhotos da espécie Schistocerca cancellata são conhecidos por sua capacidade migratória, formando grandes enxames que podem se mover até 150 km por dia em busca de alimento e condições adequadas para a reprodução. “O aquecimento global e o desequilíbrio ambiental são fatores que promovem a formação desses enxames,” explica Matiotti. “Altas temperaturas, ambientes secos e a ausência de predadores naturais, como pássaros e sapos, são fatores significativos.”

No passado, o Brasil também enfrentou infestações severas de gafanhotos, com episódios notáveis no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina entre 1946 e 1948, causando grandes danos às plantações de trigo, cevada, milho e feijão. “As nuvens de gafanhotos são uma das pragas agrícolas mais significativas e recorrentes,” destaca Matiotti. “Elas surgem quando a densidade populacional e as condições climáticas propícias causam mudanças nos insetos, tornando-os mais escuros e gregários.”

Para lidar com essas infestações, Matiotti sugere um manejo rigoroso e contínuo, especialmente no estágio ninfal. “É essencial monitorar os locais de postura dos ovos regularmente,” recomenda. “Em estágios mais avançados, o controle químico pode ser necessário para reduzir a população, utilizando métodos aéreos ou terrestres.”

Embora não representem uma ameaça direta à saúde humana, os gafanhotos são extremamente danosos às lavouras, afetando culturas permanentes, hortaliças e monoculturas como trigo, aveia, café, arroz e cevada. “A vigilância e o controle são fundamentais para proteger nossas plantações e garantir a segurança alimentar,” conclui Matiotti.

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