No bairro São Martinho, na comunidade rural de Sombrio, em Tubarão (SC), uma dupla de bois carreiro vem chamando atenção de quem passa: Baiano e Gigante, ambos de 7 anos. Mais do que força e imponência, o que impressiona é a inteligência — eles se cangam sozinhos, sem precisar de ajuda humana.
Desde filhotes, foram criados e domados pelo agricultor Alex Mateus, que fala dos animais com carinho. “Pegamos com cerca de um ano. São muito inteligentes; em pouco tempo já aprenderam a se cangar sozinhos”, conta o criador, que vê na dupla o resultado de um trabalho feito com paciência e respeito.
Além de puxarem o carro de boi, Baiano e Gigante também servem como montaria segura para as crianças da família, especialmente João e Pedro, de 8 e 6 anos. A tranquilidade e a docilidade dos bois encantam quem acompanha de perto. Alex conta que os animais convivem diariamente com as crianças e nunca demonstraram comportamento agressivo. “Eles são mansos, acostumados com o carinho e com o movimento da casa. Confiamos muito neles.”
Recentemente, o criador decidiu dar um passo além e iniciou o treino para que os bois andem sem corda, uma prática tradicional em estados como Minas Gerais e Goiás, mas rara em Santa Catarina. Em apenas dois dias de treino, os animais já obedecem comandos de voz, fazem curvas, recuam e puxam o carro com facilidade, como se entendessem o que o dono quer dizer.
A rotina de Alex e seus bois é marcada pela simplicidade e pela harmonia. Logo cedo, ele os prepara, confere as cangas e sai com o carro de boi pelas estradas de chão da comunidade, atraindo olhares curiosos e sorrisos de quem vê a cena. Em um tempo em que máquinas substituem tradições, ele acredita que manter viva a cultura do carro de boi é um ato de resistência e amor pelas origens.
“É uma tradição que vem dos nossos avós. Quero que meus filhos e outras crianças aprendam que o respeito e o cuidado com os animais fazem toda a diferença. Eles retribuem com confiança e obediência”, diz Alex, emocionado.
A história de Baiano e Gigante é mais do que uma curiosidade rural: é um lembrete de que a paciência e o afeto ainda são os melhores caminhos para ensinar — e que a inteligência animal floresce quando há respeito, convivência e vínculo verdadeiro.