Chapecó está prestes a colocar em prática uma nova estratégia para enfrentar as tempestades de granizo que, ano após ano, causam prejuízos em vários bairros da cidade. A iniciativa parte da Defesa Civil local, que aposta em uma tecnologia já utilizada em outros países da Europa e também em regiões do Sul do Brasil — mas que, em Chapecó, será aplicada de forma inédita em área urbana.
A proposta é usar um canhão antigranizo que funciona à base de ondas de choque sônicas. O equipamento será instalado em um ponto estratégico do município, com o objetivo de proteger uma área estimada em 80 hectares — principalmente os bairros Efapi e Marechal Bormann, frequentemente afetados pelo fenômeno climático.
Segundo o diretor da Defesa Civil de Chapecó, Walter Parizotto, o funcionamento da tecnologia é diferente do modelo mais conhecido que usa iodeto de prata, composto químico que vem sendo alvo de debate em alguns países. “Aqui, optamos por um sistema físico. Em vez de produtos químicos, o equipamento emite uma forte explosão que gera ondas sônicas. Essas ondas sobem em direção às nuvens, atingindo até 15 mil metros de altitude, e interferem na formação do granizo”, explica.
Essas ondas, ao encontrarem nuvens com potencial para formar pedras de gelo, agem diretamente para evitar sua formação ou quebrá-las ainda no ar, fazendo com que cheguem ao solo apenas como chuva.
Apesar de a área protegida oficialmente ser de 80 hectares, o impacto pode se estender por regiões vizinhas, já que as nuvens “afetadas” pelo sistema demoram mais para voltar a produzir granizo.
O canhão antigranizo será importado da Espanha e deve contar com acionamento automático por satélite, sem necessidade de operação manual. Toda vez que for identificada uma nuvem com potencial de granizo, o disparo é feito de forma autônoma. A ideia é integrar esse sistema a uma central de monitoramento meteorológico em tempo real.
Para evitar incômodo aos moradores, o equipamento será adaptado com sistema de redução sonora. Segundo a Defesa Civil, o ruído em áreas próximas ao aparelho deve ser inferior a 85 decibéis, o que está dentro dos limites recomendados.
O investimento para aquisição da tecnologia gira em torno de 90 mil euros. Já os custos com manutenção e monitoramento devem ficar próximos de R$ 30 mil por ano.
Se funcionar como esperado, Chapecó pode se tornar referência no uso urbano desse tipo de tecnologia preventiva.