O que era pra ser mais um dia normal virou um dos momentos mais desesperadores na vida de uma família de Blumenau, no Vale do Itajaí. O pequeno Henrique Lopes, de apenas cinco anos, desapareceu após, supostamente, ser liberado sem qualquer supervisão da Escola Municipal Vidal Ramos, localizada na movimentada Rua Antônio Treis, no bairro Vorstadt.
De acordo com a família, quem costuma buscar as crianças é o pai, Caio Lopes. No entanto, naquela quinta-feira (22), ele precisou trabalhar além do horário, e a mãe, Alana, foi até a escola. Ao chegar com poucos minutos de atraso — o suficiente para uma verdadeira tragédia quase acontecer — ela se deparou com uma cena que gerou revolta.
“O portão estava aberto, as crianças todas soltas no pátio, correndo pra lá e pra cá, sem nenhum professor supervisionando. Fui procurar o Henrique e ele não estava lá. Entrei em desespero”, contou.
Desespero tomou conta
Imediatamente, ela acionou o secretário que estava no portão junto com o guarda da unidade. A busca começou. Funcionários procuraram na escola, banheiros, ginásio e salas. Ao mesmo tempo, o pai, ao ser informado, correu até o local.
Ao chegar, Caio se deparou com a seguinte informação: a professora responsável pela turma do filho já havia ido embora.
Sem saber onde a criança estava, o pai foi verificar câmeras para tentar alguma pista. Nesse momento, a tensão tomou conta da escola. A Polícia Militar foi acionada.
Caminhada de risco
Enquanto a família e a escola buscavam respostas, o pequeno Henrique percorria um caminho extremamente perigoso. A criança atravessou uma rótula super movimentada, cruzou a ponte sobre o rio Itajaí-Açu, transitou pela ciclovia e chegou até uma praça localizada no Anel Viário Norte, uma das vias de maior fluxo de Blumenau.
Ele estava sozinho, chorando e com o queixo machucado devido a uma queda durante o percurso. Caminhões, ônibus e veículos de grande porte circulam constantemente na região.
Por sorte — e talvez por intervenção divina, como acredita a família —, um motorista de caminhão percebeu a criança na via e tentou bloquear parte da pista para evitar que ela fosse atropelada.
Neste momento, o primo do pai, Lucas Lopes, que passava pelo local sem saber do desaparecimento, reconheceu Henrique. Ele parou o carro, resgatou o menino e imediatamente ligou para a mãe, Alana.
“Ele estava molhado, chorando e ferido. Mas estava vivo. Poderia ter sido muito pior”, relatou a família.
Revolta e decisão de não voltar mais para a escola
Diante da gravidade do ocorrido, a família decidiu que Henrique não volta mais para a escola. Eles afirmaram que não se sentem mais seguros e já buscam uma nova instituição.
“Isso não pode ser tratado como um simples erro. Foi uma negligência gravíssima. Meu filho poderia ter morrido. Atravessou rótula, ponte, caminhou sozinho, caiu, se machucou. Isso é inadmissível”, desabafou o pai.
Além disso, a família informou que está em contato com um advogado para ingressar com as medidas cabíveis na Justiça, incluindo a possibilidade de responsabilização por abandono de incapaz, entre outras penalidades previstas em lei.
Problema já tinha sido alertado
O mais grave, segundo os pais, é que essa situação não é novidade. No início do ano, durante uma reunião com a direção da escola, foi o próprio pai quem alertou sobre os riscos na saída dos alunos.
Na ocasião, ele questionou o fato das crianças ficarem no pátio externo, muitas vezes sem supervisão, aguardando os responsáveis. A escola prometeu mudar o procedimento e afirmou que os alunos seriam mantidos dentro do portão, em local seguro, até que fossem entregues aos pais.
Porém, segundo a família, essa promessa nunca foi cumprida.