O episódio envolvendo o padre Fábio de Melo e um ex-funcionário de cafeteria em Joinville (SC) segue gerando repercussões — agora, inclusive no meio jurídico e religioso. O ex-gerente demitido após o episódio, Jair José Aguiar da Rosa, move uma ação judicial contra a empresa Havanna e também contra o próprio religioso. Paralelamente, o nome de Fábio de Melo passou a constar em uma denúncia formal enviada ao Vaticano.
Segundo revelou o colunista Ricardo Feltrin, um bispo de Santa Catarina encaminhou uma representação à Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma, citando condutas que seriam “incompatíveis com os valores esperados de um líder cristão”. A queixa teria sido feita após a repercussão de vídeos que mostraram a discussão entre o padre e o funcionário dentro do estabelecimento.
Até o momento, o Vaticano não adotou medidas públicas contra Fábio de Melo. No entanto, o fato da denúncia ter sido oficialmente registrada faz com que o episódio passe a fazer parte dos arquivos da Igreja, podendo ser considerado em análises futuras sobre sua atuação como figura religiosa.
Do outro lado da história, o ex-gerente Jair José afirma que sua vida foi “destruída” após o episódio. Em entrevista ao programa “Tá na Hora”, do SBT, ele detalhou as consequências emocionais que enfrentou após perder o emprego e ver sua imagem associada negativamente nas redes sociais.
“Desenvolvi depressão, fui diagnosticado com três síndromes e precisei abandonar minha faculdade, mesmo faltando pouco para me formar. Eu só queria trabalhar”, disse Jair, emocionado. Ele também afirmou sentir vergonha de sair na rua e relatou crises de ansiedade.
A defesa do ex-gerente aponta que a cafeteria Havanna teria tentado “se eximir da crise jogando toda a responsabilidade sobre o funcionário, sem oferecer qualquer apoio psicológico ou respaldo jurídico”. O advogado Eduardo Tocilo, que representa Jair, entrou com um processo pedindo reparação por danos morais e trabalhistas.
Por meio de nota enviada à imprensa, padre Fábio de Melo lamentou o desfecho do caso. Disse que “jamais teve a intenção de causar mal a ninguém” e reforçou que não carrega “a intenção da maldade”. O religioso também criticou a forma como a internet alimenta julgamentos imediatos e afirmou que continua acreditando na importância do diálogo e do perdão.
Apesar das falas conciliatórias, o episódio ganhou um novo peso com a entrada da Igreja Católica na discussão — ainda que de forma institucional e sem manifestação oficial da Santa Sé até o momento. Agora, além da dor emocional, o ex-gerente também busca por reconhecimento judicial daquilo que classifica como injustiça.