O crescimento populacional em Santa Catarina está mudando a forma como o Estado vota e se reconhece politicamente. Em apenas cinco anos, o território catarinense recebeu mais de meio milhão de novos moradores, segundo o IBGE. O saldo migratório positivo de 354 mil pessoas colocou o Estado como o principal destino de quem decidiu recomeçar a vida no Sul do país.
Esse movimento, que começou com a busca por emprego, segurança e qualidade de vida, hoje também se reflete nas urnas. Levantamento do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) mostra que, entre 2015 e 2025, mais de 600 mil eleitores transferiram o título de outros estados e até do exterior para Santa Catarina. A maior concentração ocorre no Litoral Norte e na Grande Florianópolis, onde o crescimento urbano é visível em cada esquina.
Com base nessa tendência, técnicos do TRE projetam que o Estado pode ultrapassar a marca de 1 milhão de novos eleitores até 2026. Em cidades como Palhoça, por exemplo, o aumento do eleitorado pode chegar a 40%, tornando o município um dos mais dinâmicos do cenário político catarinense.
De onde vêm os novos catarinenses
Grande parte da migração é formada por famílias do Rio Grande do Sul e do Paraná, mas também há um fluxo crescente de pessoas vindas do Pará, da Bahia e de outras regiões do país. Santa Catarina passou a atrair tanto trabalhadores em busca de novas oportunidades quanto aposentados em busca de tranquilidade.
A diversidade cultural trazida por esse movimento começa a se refletir nas ruas, nas escolas e no debate público. A convivência entre diferentes sotaques e visões de mundo está redesenhando o perfil de comunidades inteiras — e pode influenciar diretamente o comportamento eleitoral do Estado.
Enquanto parte dos novos moradores tende a adotar o estilo de vida local, outra parcela carrega consigo hábitos e valores de origem. Essa fusão de identidades cria um ambiente político mais plural, em que o conservadorismo tradicional catarinense passa a conviver com ideias e costumes vindos de fora.
Juventude e voto consciente
Além da migração, outro fator ganha força no cenário político: o aumento da presença jovem. Segundo dados do TRE-SC, mais de 1 milhão de eleitores entre 16 e 29 anos estarão aptos a votar em 2026 — o equivalente a quase 20% do eleitorado estadual.
Programas educativos e ações itinerantes, como o “Justiça Eleitoral em Movimento”, têm estimulado estudantes de escolas públicas a tirar o título ainda antes da maioridade. As iniciativas ajudam a despertar o interesse pela política e ampliam o número de novos votantes em municípios do Oeste, do Norte e do Sul do Estado.
A entrada dessa geração no processo eleitoral reforça o potencial de renovação das lideranças políticas. Jovens mais conectados e informados tendem a cobrar transparência, responsabilidade e diálogo direto com as comunidades — algo que já se reflete nas redes sociais e nos debates locais.
O novo retrato de Santa Catarina
Com uma população em expansão e um eleitorado mais diversificado, Santa Catarina entra em uma nova fase de sua história democrática. O aumento expressivo de eleitores vindos de fora, somado à força dos jovens, cria um cenário imprevisível para as eleições de 2026.
O cadastramento e a transferência de títulos já estão disponíveis e poderão ser realizados até 6 de maio de 2026. O TRE-SC orienta que os eleitores regularizem a situação com antecedência para evitar filas e atrasos.
Mais do que números, essa transformação populacional revela um Estado em transição. O que antes era visto como um reduto político estável agora se torna um território em disputa, onde cada voto carrega a identidade de uma Santa Catarina mais plural, urbana e em constante movimento.
INFORMAÇÕES: nsc total