O cenário do sistema prisional de Santa Catarina está prestes a passar por uma das maiores transformações de sua história. Nesta terça-feira (15), o governador Jorginho Mello lançou o programa Administração Prisional Levada a Sério, que prevê um investimento de R$ 1,4 bilhão nos próximos três anos. O anúncio foi feito no Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis, com foco em duas frentes: infraestrutura e recursos humanos.
Segundo o governador, a meta é criar 9 mil novas vagas no sistema prisional e realizar a contratação de mais de 700 servidores. Jorginho não escondeu a intenção de romper com o descaso histórico na área. “Nunca foi dado muita bola para isso. A gente resolveu encarar de frente e resolver de vez o problema prisional de Santa Catarina”, declarou.
O investimento, considerado inédito no estado, pretende não apenas melhorar a segurança e as condições nas unidades penais, mas também fortalecer um pilar que tem dado certo por aqui: o trabalho prisional.
Trabalho que ressocializa — e rende
Em Santa Catarina, *três em cada dez detentos estão empregados, percentual bem acima da média nacional. Ao todo, são 8.392 apenados trabalhando em fábricas, oficinas e setores diversos, tanto dentro quanto fora das unidades prisionais. Em 2024, esse trabalho gerou uma movimentação de R$ 28 milhões.
A divisão dos ganhos também segue um modelo pensado para a ressocialização:
- 50% vão para a família do preso
- 25% ajudam a custear sua permanência no sistema
- 25% são depositados em uma poupança, liberada somente após o cumprimento da pena.
O governador citou a parceria com a empresa Intelbras como exemplo de sucesso. Em São Pedro de Alcântara, cerca de 500 presos atuam na montagem de equipamentos eletrônicos dentro de uma fábrica instalada na penitenciária. “Os aparelhos montados lá não têm reclamação. A própria empresa disse que a qualidade é superior à da linha de montagem externa”, relatou Jorginho.
Mais que punição: oportunidade de mudança
Para o governo, o sistema prisional precisa ser seguro, mas também justo e funcional. “Temos que deixar o sistema seguro, com vagas, para que o preso não fique empilhado numa cela. Mas também dar a chance para ele evoluir e voltar melhor para a sociedade”, defendeu o governador.
Das 53 unidades penais existentes no estado, 51 já mantêm parcerias com empresas ou órgãos públicos. Em 32 delas, os apenados trabalham externamente. Em outras quatro, os próprios presídios operam negócios internos, como a produção de móveis, costura industrial e montagem de eletrônicos.
Com a promessa de ampliação estrutural e fortalecimento das políticas de trabalho e capacitação, o governo aposta em um modelo que vai além da punição: busca oferecer dignidade, ocupação e um caminho real para a reintegração social.
“Todos nós estamos abraçados no mesmo caminho: um sistema prisional que puna, mas também inclua”, resumiu Jorginho.