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Do berço ao lago: lontrinhas nascidas em cativeiro ganham nova vida na natureza em Florianópolis

Publicado em 06/06/2025 09h35
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Duas lontras da espécie Lontra longicaudis foram soltas na natureza pela primeira vez em Florianópolis na manhã de terça-feira (4). Os animais, um macho e uma fêmea com cerca de oito meses, foram reintroduzidos na Lagoa do Peri, no Sul da Ilha. A ação foi realizada pelo Instituto Ekko Brasil (IEB), por meio do Projeto Lontra, com apoio técnico e financeiro do Grupo Oceanic, que mantém o maior aquário do Sul do país.

Os filhotes são descendentes de Nanã, uma fêmea resgatada ainda bebê pela Polícia Ambiental em 2016. Ela foi encontrada tentando mamar no corpo da mãe morta, sob a Ponte Hercílio Luz. A necropsia apontou traumatismo craniano por agressão como causa da morte. O pai dos filhotes, Lucky, foi entregue voluntariamente por um cidadão a um zoológico e, posteriormente, ao projeto.

A soltura representa um marco para a conservação da espécie no Brasil. O nascimento dos filhotes em cativeiro e sua posterior reintrodução à natureza é considerada, por especialistas do projeto, um avanço inédito no país. O presidente do Instituto Ekko Brasil, Marcelo Tosatti, afirmou que a ação é “uma oportunidade de transformar histórias de sofrimento em esperança para a biodiversidade”.

A ação conta com apoio e supervisão de órgãos ambientais como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e a Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram). Desde o início do projeto, há oito anos, 14 filhotes já nasceram sob os cuidados da equipe.

A Lagoa do Peri é uma Unidade de Conservação e passou a contar com plano de manejo publicado em 2024, o que permitiu a nova etapa de retorno de animais à natureza. Segundo os responsáveis, diferentemente de animais resgatados em situação de maus-tratos, filhotes nascidos sob cuidados humanos têm maiores chances de readaptação ao ambiente natural.

As lontras soltas serão monitoradas por armadilhas fotográficas, observações de campo e análise de vestígios como pegadas, fezes e marcações odoríferas. Ao menos sete tocas de lontras já foram identificadas na região. A equipe também acompanha os corredores ecológicos que conectam áreas de vegetação nativa e permitem o deslocamento da fauna local.

Segundo o CEO do Grupo Oceanic, Kiko Buerger, o apoio ao Projeto Lontra reforça o compromisso do grupo com ações de preservação. “Estamos muito orgulhosos de fazer parte dessa iniciativa pioneira que transforma cuidado e ciência em ação real pela natureza”, disse.

A espécie está listada como “Quase Ameaçada” no Brasil pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Em países como a Argentina, a lontra já é considerada “Em Perigo”. A degradação de habitats, poluição dos rios, caça ilegal e tráfico de animais silvestres estão entre as principais ameaças à espécie.

Além da reintrodução de animais, o projeto também atua na educação ambiental. No Oceanic Aquarium, por exemplo, duas lontras resgatadas em Belém (PA), Jean Miguel e Carlos Daniel, vivem sob cuidados humanos e fazem parte de ações educativas voltadas ao público visitante.

O Projeto Lontra, criado em 1986, é conduzido pelo Instituto Ekko Brasil, organização com sede em Santa Catarina e atuação nacional. A ONG desenvolve ações de pesquisa e educação em diversos biomas brasileiros, incluindo projetos voltados para ariranhas, tucanos, cavalos-marinhos e outras espécies.

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Publicado em 06/06/2025 09h35
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Duas lontras da espécie Lontra longicaudis foram soltas na natureza pela primeira vez em Florianópolis na manhã de terça-feira (4). Os animais, um macho e uma fêmea com cerca de oito meses, foram reintroduzidos na Lagoa do Peri, no Sul da Ilha. A ação foi realizada pelo Instituto Ekko Brasil (IEB), por meio do Projeto Lontra, com apoio técnico e financeiro do Grupo Oceanic, que mantém o maior aquário do Sul do país.

Os filhotes são descendentes de Nanã, uma fêmea resgatada ainda bebê pela Polícia Ambiental em 2016. Ela foi encontrada tentando mamar no corpo da mãe morta, sob a Ponte Hercílio Luz. A necropsia apontou traumatismo craniano por agressão como causa da morte. O pai dos filhotes, Lucky, foi entregue voluntariamente por um cidadão a um zoológico e, posteriormente, ao projeto.

A soltura representa um marco para a conservação da espécie no Brasil. O nascimento dos filhotes em cativeiro e sua posterior reintrodução à natureza é considerada, por especialistas do projeto, um avanço inédito no país. O presidente do Instituto Ekko Brasil, Marcelo Tosatti, afirmou que a ação é “uma oportunidade de transformar histórias de sofrimento em esperança para a biodiversidade”.

A ação conta com apoio e supervisão de órgãos ambientais como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e a Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram). Desde o início do projeto, há oito anos, 14 filhotes já nasceram sob os cuidados da equipe.

A Lagoa do Peri é uma Unidade de Conservação e passou a contar com plano de manejo publicado em 2024, o que permitiu a nova etapa de retorno de animais à natureza. Segundo os responsáveis, diferentemente de animais resgatados em situação de maus-tratos, filhotes nascidos sob cuidados humanos têm maiores chances de readaptação ao ambiente natural.

As lontras soltas serão monitoradas por armadilhas fotográficas, observações de campo e análise de vestígios como pegadas, fezes e marcações odoríferas. Ao menos sete tocas de lontras já foram identificadas na região. A equipe também acompanha os corredores ecológicos que conectam áreas de vegetação nativa e permitem o deslocamento da fauna local.

Segundo o CEO do Grupo Oceanic, Kiko Buerger, o apoio ao Projeto Lontra reforça o compromisso do grupo com ações de preservação. “Estamos muito orgulhosos de fazer parte dessa iniciativa pioneira que transforma cuidado e ciência em ação real pela natureza”, disse.

A espécie está listada como “Quase Ameaçada” no Brasil pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Em países como a Argentina, a lontra já é considerada “Em Perigo”. A degradação de habitats, poluição dos rios, caça ilegal e tráfico de animais silvestres estão entre as principais ameaças à espécie.

Além da reintrodução de animais, o projeto também atua na educação ambiental. No Oceanic Aquarium, por exemplo, duas lontras resgatadas em Belém (PA), Jean Miguel e Carlos Daniel, vivem sob cuidados humanos e fazem parte de ações educativas voltadas ao público visitante.

O Projeto Lontra, criado em 1986, é conduzido pelo Instituto Ekko Brasil, organização com sede em Santa Catarina e atuação nacional. A ONG desenvolve ações de pesquisa e educação em diversos biomas brasileiros, incluindo projetos voltados para ariranhas, tucanos, cavalos-marinhos e outras espécies.

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