Uma espécie rara de fungo foi encontrada no Departamento de Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), localizado no bairro Trindade, em Florianópolis. Identificada como Kusaghiporia talpae, a espécie é conhecida por produzir um dos maiores cogumelos do mundo, podendo atingir até 80 centímetros de diâmetro.
O fungo foi localizado na base de uma árvore, próximo à composteira do departamento. Antes desse registro, a espécie havia sido documentada apenas duas vezes em Santa Catarina nos últimos 14 anos, sendo o caso mais recente há três anos, na região da Lagoa da Conceição, também em Florianópolis.
A pesquisa sobre a espécie é conduzida pelo professor e pesquisador da UFSC Elisandro Ricardo Drechsler dos Santos, que acompanha o estudo de Kusaghiporia talpae desde 2011. O pesquisador define a espécie como uma das maiores e mais intrigantes do Brasil, em razão de seu tamanho e das lacunas existentes sobre seu ciclo de vida e biologia.
O cogumelo pode ser visitado por quem se interessar, mas os visitantes precisam respeitar as faixas de segurança instaladas no local e evitar qualquer tipo de contato físico com a espécie. Isso porque o fungo possui um ciclo de vida curto, com rápido desenvolvimento e decomposição, e pode sobreviver apenas por algumas semanas.
As informações disponíveis sobre Kusaghiporia talpae ainda são limitadas. Observações realizadas pelos pesquisadores da UFSC sugerem que a espécie tende a aparecer entre janeiro e fevereiro. O habitat natural do fungo é a Mata Atlântica, e a área do Departamento de Botânica da UFSC é considerada um fragmento desse bioma, o que pode ter contribuído para o desenvolvimento da espécie no local.
Além disso, o ambiente em torno da composteira, onde o fungo foi encontrado, é considerado antropizado, ou seja, sofreu alterações causadas pela ação humana. O acúmulo de matéria orgânica, proveniente de podas e cortes de grama realizados no campus, pode ter criado condições favoráveis ao crescimento do cogumelo.
Como parte da continuidade das pesquisas, os cientistas pretendem coletar a estrutura reprodutiva do fungo e tentar cultivá-lo em laboratório para aprofundar o conhecimento sobre suas características e ciclo biológico.