Praia de Tijucas é “trampolim” para aves migratórias

Pessoas em trajes camuflados, coletes, chapéus, munidas de câmeras fotográficas equipadas com super lentes objetivas. Esse é, reiteradas vezes, o cenário na Praia de Tijucas, no Sul do Rio e Pontal Norte. 

A região é considerada um santuário de aves migratórias e frequentada por observadores de pássaros. Por conta da relevância das aparições, pesquisadores se deslocam de várias partes de Santa Catarina, do Paraná e até do Nordeste do país.

Os observadores de aves são atraídos pela presença de uma família de sete flamingos-dos-andes (Phoenicoparrusandinus) na praia. Segundo o grupo, a família já frequenta o local há alguns anos. No site Wiki Aves (www.wikiaves.com.br), em que os observadores divulgam suas fotos, Tijucas é o local com mais registros fotográficos da espécie no Brasil.

A grande surpresa dos últimos dias, foi o primeiro registro de duas espécies de aves em Santa Catarina. A primeira delas é a agachadeira-mirim (Thinocorusrumicivorus), ave que pode ser encontrada em países como Peru, Bolívia e Argentina, além do Brasil. A foto feita pelo observador Julio Castellain marca o primeiro registro da espécie no estado. Assim como nas outras três observações feitas no país (em São Paulo e no Rio Grande do Sul), apenas um indivíduo foi avistado.

Julio comenta o feito: “Sou observador por hobby. Soube que estava bombando de aves em Tijucas e fui para registrar uma lista de 16 espécies. Nem vi os flamingos no primeiro dia. Fotografei a agachadeira sem saber do que se tratava e depois soube que tinha feito o primeiro registro da espécie no estado”.

O segundo registro inédito em terras catarinenses foi do maçarico-de-costas-brancas (Limnodromus griséus), fotografado na praia de Tijucas em 2017. Esta é uma ave que migra da América do Norte e raramente é avistada.

Praia de Tijucas é um importante ponto de parada para aves migratórias

A bióloga Carla Cravo e o esposo Cristiano Voitina são frequentadores assíduos da praia. Cristiano é autor do livro “Aves Catarinenses” (2017), em que o biólogo e pesquisador registrou mais de 600 espécies em um trabalho de oito anos. Cristiano destaca a Praia de Tijucas como importante ponto de parada para descanso e alimentação de aves em migração. No seu livro, constam 14 espécies de pássaros fotografados na Foz do Rio Tijucas.

Os pássaros já fazem parte da cultura tijuquense desde tempos açorianos, apreciar a biodiversidade, muitas vezes foi confundido com o aprisionamento ou a caça de animais silvestres. 

“Tirar um pássaro pra comer ou pra simplesmente aprisionar vai fazer falta no processo de alimentação de um predador ou até na reprodução. A natureza já tem seus problemas, o ser humano não precisa interferir negativamente”, comenta o biólogo.

De acordo com Voitina, a praia de Tijucas é diferente de qualquer outra do Brasil pela presença e importância na preservação da biodiversidade dos pássaros migratórios.

“Os biólogos chamam esta praia de trampolim, ou seja, aves que vem migrando do hemisfério norte e se deslocam para o hemisfério sul param aqui para se alimentar na costa ou nas plantações de arroz recém colhido, descansar e depois seguir viagem”, explica Cristiano.

“Hoje o Safári Fotográfico está crescendo muito no mundo, se Tijucas tem uma área tão bem preservada e rica, acho que isso pode se tornar um grande diferencial no turismo de observação. Com a repercussão das fotos de aves raras um biólogo da Bélgica visitou Tijucas em busca de preciosidades. Isso mostra que a região está sendo vista com bons olhos pelo mundo”, afirma o biólogo Critiano Voitina, autor do livro Aves Catarinense.

Com informações de Thiago Furtado. Artigo publicado originalmente em 2017 pelo Jornal Razão. 

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