A madrugada desta terça-feira (4) marcou uma virada no cenário político de Santa Catarina. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro publicou uma foto ao lado da deputada federal Caroline de Toni (PL-SC) e escreveu: “Estou fechada com a Carol de Toni, independentemente da sigla partidária.” A frase, aparentemente simples, teve efeito de bomba dentro do Partido Liberal no estado, que vive dias de tensão desde a chegada de Carlos Bolsonaro (PL-RJ) à disputa pelo Senado em 2026.
O Jornal Razão acompanha – desde o início – e é protagonista no desenrolar dos fatos que envolvem a política catarinense.
O início da crise
O impasse começou há poucos dias, quando Ana Campagnolo (PL) revelou, em entrevista à rádio São Bento, que a vinda de Carlos Bolsonaro para Santa Catarina havia “desestabilizado o projeto da direita catarinense”. Segundo a deputada estadual, a chapa original ao Senado incluiria Esperidião Amin (PP) — aliado do governador Jorginho Mello (PL) — e Caroline de Toni.
A entrada do filho do ex-presidente, no entanto, teria mudado o tabuleiro. “Quando o Carlos veio, ele assumiu a vaga que era dela”, disse Campagnolo na ocasião, afirmando que Caroline perdeu espaço dentro do partido e avaliava a possibilidade de deixar o PL.
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A reação de Carlos Bolsonaro
A declaração repercutiu nacionalmente. Irritado, Carlos Bolsonaro respondeu nas redes sociais chamando Campagnolo de “mentirosa” e negando divergências com Caroline. Poucos dias depois, numa tentativa de pacificação, o vereador carioca afirmou que ambos estavam “unidos pelo mesmo propósito”, sem detalhar se esse propósito incluiria a disputa pela mesma vaga ao Senado.
Na noite de segunda-feira (3), Caroline repostou uma foto ao lado de Michelle Bolsonaro com a mensagem: “Obrigada pelo carinho e apoio!” A ex-primeira-dama havia publicado a imagem com a frase que reacendeu o fogo dentro do partido: “Fechada com a Carol, independentemente da sigla partidária.”
A fala foi interpretada como um sinal de que Michelle apoiará Caroline mesmo que ela deixe o PL, algo que, até então, era apenas especulação.
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O desabafo de Campagnolo
Pouco depois, Ana Campagnolo voltou às redes sociais com uma longa mensagem direcionada a Michelle e à cúpula do PL. “Nossa primeira-dama declarou que apoia Carol fora do partido, mostrando que a saída dela nunca foi mentira, mas uma ameaça real à força do PL catarinense”, escreveu. Campagnolo cobrou “coragem” das lideranças para assumir posições e questionou como ficará a coligação com o senador Esperidião Amin, lembrando que o próprio presidente do PL, Valdemar Costa Neto, já havia garantido a presença do Progressistas na chapa.
“Quem vai ser macho de fazer uma declaração oficial e avisar o Amin que ele está fora?”, provocou Campagnolo, num tom de desafio.
O dilema do PL catarinense
A disputa pela vaga no Senado se tornou um problema direto para o governador Jorginho Mello, que tenta equilibrar os interesses da família Bolsonaro com os acordos regionais. A presença de Carlos no estado reduz a margem de manobra para Jorginho, que conta com Amin para consolidar a reeleição e ampliar a base aliada.
Analistas políticos avaliam que Michelle Bolsonaro entrou na crise para fortalecer Caroline e preservar o prestígio do clã Bolsonaro entre o eleitorado catarinense — hoje, um dos mais fiéis ao ex-presidente. O gesto da ex-primeira-dama também pressiona o PL nacional, que agora precisa decidir se mantém a unidade ou assume publicamente a divisão.
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A corrida ao Senado em 2026
Em 2026, Santa Catarina terá duas vagas em disputa no Senado. O governador Jorginho Mello deve tentar reeleger seu grupo, enquanto nomes como Carlos Bolsonaro, Esperidião Amin e Caroline de Toni despontam como protagonistas de uma briga que mistura lealdade familiar, força partidária e sobrevivência política.
Nos bastidores, aliados de Caroline afirmam que ela está decidida a deixar o PL. O apoio de Michelle foi interpretado como um sinal de que a ruptura pode ser inevitável.
Enquanto isso, o eleitorado bolsonarista catarinense assiste a um raro embate entre aliados históricos — e o desfecho dessa disputa promete definir o futuro da direita no estado.
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