Dino e o congresso mais conversador da história

Flávio Dino passa em sabatina do congresso “mais conservador da história” e desmoraliza o senado federal.

Publicado em 14/12/2023 19h47
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Quem não foi ainda constrangido pelos corretores ortográficos de aplicativos que me atirem o primeiro caractere.

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A teimosia inoportuna em alterar automaticamente palavras que não desejamos tem sido uma experiência irritante; às vezes temos que digitar o mesmo vocábulo diversas vezes até que a vontade humana prevaleça na longa batalha contra o algoritmo.

Ao redigir o título desta coluna, o quixotesco escritor decidiu não lutar contra os moinhos de ventos tecnológicos: o congresso mais conversador a história – sugestão inusitada do nosso antagonista – é, de fato, muito mais tagarela do que propriamente conservador.

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Não que alguém deixe de conservar seus bolsos e sua carreira  política, isso é inquestionável. Quem sabe até esteja aí o tão sonhado ponto supraideológico de convergência dos irreconciliáveis parlamentares, que representam um cada vez mais irreconciliável eleitorado. Eleitorado esse que, inegavelmente, também converge na pauta única necessária para mover as engrenagens desse submundo: todos pagam igualmente a conta, sem qualquer distinção partidária nas novas taxas da shopee e nos bolorentos carnês de IPTU. A democracia aqui é plena e sem relativizações.

O congresso mais conversador da história merece a deferência do algoritmo: nunca se bateu tanta boca perante câmeras de IPhone e nunca se bradou com tanta firmeza e constância nas redes sociais. A ocupação inconteste dos parlamentares é a de parlare, dirão todos estes espertalhões, cada vez mais bem posicionados nas confortáveis bolhas de universos digitais, evidenciando que só podem mesmo estar no caminho correto das atribuições a que foram deputados.

Voltando ao nosso título insólito, cumpre dizer que o vocábulo Dino permaneceu inalterado pelo implacável corretor ortográfico, talvez por receio de represálias, talvez por constar em seu rol imensurável de vocábulos. O bichinho é mesmo inteligente, pelo menos, bem mais do que eu. 

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Curioso e pessimista, fui consultar o dicionário e qual foi minha surpresa: “dino” é um termo antigo de origem latina que significa digno.

Restou-me um sorriso amarelo por encontrar um pouco de dignidade (de onde menos se esperava) em toda essa história mal contada que, deve o leitor me perdoar pela confissão, tenho medo de que chegue ao fim.

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Não culpem o corretor automático. Minha ideia inicial de texto em nada corrigiria o indigno episódio em nosso senado federal e tampouco teria desfecho melhor.

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Dino e o congresso mais conversador da história

Flávio Dino passa em sabatina do congresso “mais conservador da história” e desmoraliza o senado federal.

Por Redação, Jornal RazãoSanta Catarina

Publicado em 14/12/2023 19h47
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Quem não foi ainda constrangido pelos corretores ortográficos de aplicativos que me atirem o primeiro caractere.

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A teimosia inoportuna em alterar automaticamente palavras que não desejamos tem sido uma experiência irritante; às vezes temos que digitar o mesmo vocábulo diversas vezes até que a vontade humana prevaleça na longa batalha contra o algoritmo.

Ao redigir o título desta coluna, o quixotesco escritor decidiu não lutar contra os moinhos de ventos tecnológicos: o congresso mais conversador a história – sugestão inusitada do nosso antagonista – é, de fato, muito mais tagarela do que propriamente conservador.

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Não que alguém deixe de conservar seus bolsos e sua carreira  política, isso é inquestionável. Quem sabe até esteja aí o tão sonhado ponto supraideológico de convergência dos irreconciliáveis parlamentares, que representam um cada vez mais irreconciliável eleitorado. Eleitorado esse que, inegavelmente, também converge na pauta única necessária para mover as engrenagens desse submundo: todos pagam igualmente a conta, sem qualquer distinção partidária nas novas taxas da shopee e nos bolorentos carnês de IPTU. A democracia aqui é plena e sem relativizações.

O congresso mais conversador da história merece a deferência do algoritmo: nunca se bateu tanta boca perante câmeras de IPhone e nunca se bradou com tanta firmeza e constância nas redes sociais. A ocupação inconteste dos parlamentares é a de parlare, dirão todos estes espertalhões, cada vez mais bem posicionados nas confortáveis bolhas de universos digitais, evidenciando que só podem mesmo estar no caminho correto das atribuições a que foram deputados.

Voltando ao nosso título insólito, cumpre dizer que o vocábulo Dino permaneceu inalterado pelo implacável corretor ortográfico, talvez por receio de represálias, talvez por constar em seu rol imensurável de vocábulos. O bichinho é mesmo inteligente, pelo menos, bem mais do que eu. 

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Curioso e pessimista, fui consultar o dicionário e qual foi minha surpresa: “dino” é um termo antigo de origem latina que significa digno.

Restou-me um sorriso amarelo por encontrar um pouco de dignidade (de onde menos se esperava) em toda essa história mal contada que, deve o leitor me perdoar pela confissão, tenho medo de que chegue ao fim.

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Não culpem o corretor automático. Minha ideia inicial de texto em nada corrigiria o indigno episódio em nosso senado federal e tampouco teria desfecho melhor.

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