Na noite deste domingo, 19 de novembro, Javier Milei, conhecido por suas posturas libertárias, foi eleito presidente da Argentina, vencendo Sergio Massa no segundo turno das eleições presidenciais. Com 86,59% das urnas apuradas, Milei conquistou 55,95% dos votos, contra 44,04% de Massa. Essa eleição sinaliza uma significativa mudança política no país, com potenciais repercussões nas relações com o Brasil e nos planos para o Mercosul.
Milei, que já havia liderado as primárias em agosto com cerca de 30% dos votos, manteve uma performance estável no primeiro turno, realizado em 22 de outubro. A campanha de Milei foi marcada por uma plataforma radical, incluindo a proposta de dolarização da economia argentina, a abolição do peso e do Banco Central, além de cortes nos gastos estatais.
Durante o segundo turno, Milei moderou seu discurso, formando uma aliança estratégica com o ex-presidente Mauricio Macri e com Patricia Bullrich, ex-candidata e terceira colocada no primeiro turno. Esta mudança de estratégia, visando captar votos do eleitorado mais central, contrastou com suas propostas iniciais, especialmente no que tange às privatizações nas áreas de educação e saúde e na redução de subsídios.
A vitória de Milei pode representar uma interrupção nos empréstimos e investimentos brasileiros na Argentina, já que o presidente eleito anteriormente criticou o presidente brasileiro Lula, chamando-o de “socialista corrupto”. Esta postura sugere uma possível reconfiguração nas relações bilaterais e nos planos para o bloco econômico do Mercosul.
A análise de especialistas, como Andrei Roman, CEO do instituto de pesquisa Atlas Intel, indica que a liderança de Milei foi consistente ao longo da eleição, contrariando a percepção de que houve uma virada inesperada. Os resultados do primeiro turno já mostravam uma soma de votos entre Milei e Bullrich que superava os 50%, indicando uma tendência ao seu favor.