Nesta segunda-feira (29), os governos da Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai exigiram uma “revisão completa dos resultados eleitorais” na Venezuela. A demanda surge após o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo chavismo, declarar Nicolás Maduro vencedor das eleições presidenciais, em meio a denúncias de fraude.
Os governos solicitarão uma reunião urgente do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) para emitir uma resolução que preserve a vontade popular. “A contagem dos votos deve ser transparente e os resultados não devem suscitar dúvidas”, afirma o comunicado conjunto.
Na manhã desta segunda-feira, o CNE, alinhado ao governo, anunciou que Maduro obteve 5,15 milhões de votos (51,2%), enquanto o principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, recebeu 4,45 milhões (44,2%).
Enquanto China, Rússia, Cuba, Nicarágua, Honduras e Bolívia parabenizaram Maduro, a União Europeia e os Estados Unidos expressaram críticas e pediram “total transparência” na apuração dos votos.
O chanceler uruguaio, Omar Pahanini, também manifestou preocupação. “Esse resultado preliminar sequer soma 100%, soma muito mais. O governo do Uruguai, ao lado de muitos países da região, vê isso com preocupação”, disse em declarações à imprensa.
Pahanini enfatizou a necessidade de revisar os números detalhados, circuito por circuito, ata por ata, para verificar a validade do anúncio do CNE venezuelano. “Sem essa medida, torna-se difícil dar passos em direção ao reconhecimento dessa eleição”, acrescentou.
A resolução que está sendo preparada pelas chancelarias será “enquadrada na Carta Democrática e nos princípios fundamentais da democracia na nossa região”, conforme indicado no comunicado. A Carta Democrática da OEA é um mecanismo usado para definir casos de alteração ou ruptura do fio democrático e constitucional de um Estado-membro, sendo invocada anteriormente para se referir à crise na Venezuela.
O governo Maduro, em 2017, acusou a OEA de “interferência” e de ser um “espaço de dominação imperial”, solicitando a saída da Venezuela da organização, formalizada dois anos depois.