Ninguém esperava por essa. A eleição da presidência da Câmara de Vereadores de Tijucas, realizada nesta quarta-feira (1), foi marcada por uma grande reviravolta. O nome certo, dado como garantido até a véspera, era o de Esaú Bayer (PL), representante da oposição mais ferrenha ao prefeito eleito Maickon Sgrott (PP) e aliado de peso de Thiago Peixoto (PL), segundo colocado na disputa pela prefeitura.

No entanto, como na política nada de fato está garantido, quem acabou assumindo o posto foi Claúdio do Jornal (MDB). A mudança repentina de cenário levantou comentários nos bastidores sobre possíveis articulações nos minutos finais.
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Segundo relatos de bastidores, os parlamentares eleitos se reuniram no dia anterior para alinhar seus votos.
Esaú parecia ser a escolha da maioria, um enredo que já estava praticamente definido. Mas o que se viu foi uma virada inesperada, levando muitos a questionar se houve alguma “motivação” nos bastidores para a troca de votos.

Embora Cláudio também seja oposição ao novo prefeito, a expectativa é de que, ao contrário do que se projetava caso Esaú assumisse a liderança da Casa, as propostas de Maickon tenham um trânsito mais favorável e sejam analisadas com maior receptividade.
A eleição seguiu o protocolo estabelecido no Regimento Interno da Câmara, mas o resultado pegou até os mais experientes de surpresa. Durante sua fala, até Claúdio do Jornal demonstrou surpresa, destacando que não esperava ter sido eleito para o cargo.
Visivelmente emocionado, Claúdio discursou sem roteiro e ressaltou os desafios recentes que enfrentou. Ele mencionou problemas de saúde na família e momentos difíceis que quase o impediram de comparecer à posse.
“Por mais que a gente se planeje, nem sempre as coisas saem como planejadas. Quero estar sempre aberto à comunidade e a todos os vereadores, representando não só quem votou em mim, mas toda a população”, afirmou ele.


A eleição de Claúdio do Jornal promete esquentar os próximos capítulos da política tijuquense.
CLAÚDIO DO JORNAL FALA SOBRE SURPRESA E DESAFIOS APÓS ELEIÇÃO NA CÂMARA
Claúdio descreveu sua vitória como inesperada e desafiadora. “Na verdade, o sentimento no momento que aconteceu foi de surpresa. Acabei sendo eleito com votos de vereadores que eu sequer tinha pedido o voto durante esse processo, né, de conversas, de ter colocado o meu nome à disposição como presidente. Então acabou que foi uma grande surpresa.”
Ele destacou o caráter inusitado da eleição. “Acho que foi muito diferente, muito atípico em relação aos demais anos que teve votação pra presidência, porque esse ano nós tivemos dois candidatos que são da oposição, né? Eu sou da oposição, vereador Esaú é da oposição. Então acabou que a bancada governista que definiu pra onde iriam os votos deles, e isso me surpreendeu muito.”

Sobre o novo desafio, Claúdio reforçou sua postura de aprendizado e colaboração. “Mas, ao mesmo tempo, eu encaro como algo desafiador. Eu sempre tive a certeza de que, se os desafios surgem, a gente tem que tentar aprender e, principalmente, contribuir no possível com o que a gente tem de conhecimento. Já venho de quatro anos na Câmara de Vereadores, participando sempre da Comissão de Constituição e Justiça, mas também acompanhando de perto todos os trabalhos envolvendo o Legislativo.”
Claúdio concluiu enfatizando o papel da Câmara e sua disposição em trabalhar de forma harmoniosa. “Agora acredito, sim, que eu posso contribuir muito pra que a Casa flua com bastante tranquilidade, pra que a gente possa fazer o nosso trabalho de fiscalizadores com bastante respeito. Quero ser um parceiro de todos os vereadores nesse processo que eu entendo que é importante. Cada vereador tem a sua posição em cada uma das situações, mas também é muito importante que o Poder Legislativo, a Casa Legislativa, ofereça essa estrutura pra que todos façam o seu trabalho da melhor forma possível.”
ESAÚ COMENTA SOBRE A ELEIÇÃO DA CÂMARA: “ÁGUA PASSADA, BOLA PARA FRENTE”
Esaú afirmou que o episódio já ficou no passado e que agora o foco é trabalhar pelos próximos quatro anos. Apesar disso, ele relembrou os bastidores que marcaram a disputa e a mudança de rumo no dia da votação.

Segundo Esaú, no dia 31 de dezembro, foi realizada uma reunião com os oito vereadores da oposição, incluindo Claúdio do Jornal, para formar uma chapa com ele como presidente, Flávio como vice, Lisandra como primeira secretária e Renato como segundo secretário. O acordo teria sido firmado entre os parlamentares e lideranças da oposição.
“No dia 31 à noite, o Cláudio saiu da reunião dizendo que não queria mais ser candidato e que a gente podia resolver o que quisesse. Tínhamos sete votos garantidos e seguimos com o nosso plano. Estava tudo certo até o momento da posse”, afirmou.
Ainda assim, Esaú mencionou que Claúdio anunciou posteriormente que colocaria seu nome à disposição, mesmo sabendo que a oposição tinha maioria. “Na hora da votação, o Flávio mudou o voto dele e decidiu apoiar o Claúdio, levando os dois da situação junto. Isso foi contra o que havíamos acordado”, explicou Esaú, destacando o rompimento do pacto.

Apesar da situação, Esaú enfatizou que a oposição não pretende atuar apenas como crítica ao governo. “Queremos trabalhar pela cidade, dialogar com o prefeito e resolver os problemas que nos últimos oito anos não foram enfrentados. O episódio da eleição já passou, agora é focar em fazer o melhor por Tijucas”, concluiu.
“UNS ENTRAM, OUTROS FICAM DE FORA”
Maurício Poli (União), atual primeiro secretário da Câmara que já atuou como vice-presidente e presidente, comentou sobre a articulação que levou à eleição de Claúdio do Jornal para a presidência da Casa.
Segundo ele, não houve mudança de última hora. A decisão foi baseada na experiência e no tempo de Claúdio como vereador, além da falta de consenso entre os nomes da base de oposição.
“Claúdio merecia ser candidato, já que está há mais tempo na Câmara. Como nós, da base do governo, não tínhamos votos para eleger um presidente, optamos por apoiar quem já tinha mais experiência na Casa. Entre os vereadores do MDB e PL, não houve consenso, porque na política um quer, outro não, e alguém sempre acaba ficando de fora”, afirmou Maurício.

Ele ressaltou que a articulação foi uma construção conjunta entre a base e o prefeito Maickon Sgrott. Com Claúdio na presidência, Flávio (MDB) como vice-presidente e Maurício como primeiro-secretário, o objetivo foi criar uma mesa que representasse diferentes forças políticas, favorecendo a governabilidade. “Claúdio é oposição, isso é fato, mas é um cara inteligente e pode somar muito para o crescimento da cidade junto com o Executivo”, destacou.
Maurício ainda alfinetou o planejamento do grupo de oposição. Segundo ele, Esaú Bayer (PL), que também era candidato à presidência, teria se precipitado ao insistir no cargo logo no início da legislatura. “Esaú foi mal planejado por eles, porque, se fossem espertos, vamos dizer assim, inteligentes, Esaú poderia ficar para o segundo ano. Ele chegou agora na Câmara, enquanto Claúdio e Danone estão há mais tempo. Parece que eles não chegaram a um consenso, onde os mais experientes poderiam ter a chance de ser o primeiro presidente. Eles não pensaram nisso. O PL, com quatro vereadores, achou que tinha que ser deles, mas na política tem que pensar em grupo. Um grupo de quatro é menor que um grupo de sete”, explicou.
Por fim, Maurício explicou que a decisão de Flávio, do MDB, de votar em Claúdio foi baseada no respeito ao partido, já que ambos pertencem ao mesmo grupo político. Ele ressaltou que, ao ver Claúdio colocar seu nome como candidato, Flávio optou por apoiá-lo para honrar o compromisso com o partido.
“Então, o Flávio, como é do partido do Claúdio, na hora decidiu votar no Claúdio para honrar o partido. E assim foi feito”, afirmou Maurício.