A superlotação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no Litoral Norte de Santa Catarina acendeu um novo embate político no estado. A deputada federal Ana Paula Lima (PT), vice-líder do Governo Lula na Câmara dos Deputados, utilizou suas redes sociais nesta segunda-feira (9) para criticar a gestão estadual de Jorginho Mello (PL), após a divulgação de dados que mostram 100% de ocupação dos leitos em cidades como Itajaí, Balneário Camboriú, Navegantes, Camboriú e Penha.
“Quem diria, hein? O colapso chegou. Resultado de um governo que descarta vacinas e flerta com o negacionismo. Basta, Jorginho! A conta tá sendo paga com vidas”, escreveu a parlamentar.
A declaração ocorre em meio à divulgação de um relatório do Centro de Informações Estratégicas para a Gestão do SUS (Cieges/SC), que confirmou a lotação total de UTIs adultas, pediátricas e neonatais na região da foz do Rio Itajaí. A maioria dos internamentos está ligada ao aumento de doenças respiratórias, além de casos graves de acidentes e cirurgias de emergência.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, Santa Catarina ampliou 264 leitos de UTI desde 2023. Mesmo assim, a alta demanda continua superando a capacidade. Como resposta imediata, o Estado anunciou a abertura de 30 novos leitos em regiões críticas, incluindo o Litoral Norte.
Apesar da expansão da estrutura hospitalar, outros dados preocupam. Um levantamento exclusivo da NSC TV revelou que mais de 1,1 milhão de doses de vacinas foram descartadas em Santa Catarina nos últimos três anos, somando quase R$ 9 milhões em recursos públicos desperdiçados. Os principais motivos incluem vencimento de validade, falhas logísticas e baixa adesão da população.
Florianópolis lidera em volume de doses descartadas (128 mil), seguida de Jaraguá do Sul, Itajaí, Criciúma e Palhoça. Autoridades sanitárias locais atribuíram parte desse desperdício ao uso de frascos multidoses, que precisam ser descartados após abertos se não forem totalmente utilizados.
Especialistas sugerem que a adoção de vacinas em frascos monodose pode reduzir significativamente o problema, principalmente em municípios menores. A própria Diretoria de Vigilância Epidemiológica de SC afirma que já recebe parte dos imunizantes nesse formato e deseja ampliar o uso.
Além disso, técnicos da área defendem ações mais incisivas de busca ativa e flexibilização dos horários das salas de vacinação, para facilitar o acesso da população e ampliar a cobertura vacinal, especialmente em relação à gripe e à Covid-19.
Enquanto isso, o cenário hospitalar segue pressionado em diversas regiões do estado. A taxa de ocupação de UTIs está acima de 90% também no Planalto Norte (97,3%), Grande Florianópolis (95,3%), Vale do Itajaí (90,7%) e Oeste Catarinense (92,2%).