João Maria Teixeira Machado, de 54 anos, morador de Sul Brasil, no Oeste catarinense, morreu na noite da última sexta-feira (11), no Hospital Regional do Oeste (HRO), em Chapecó. A causa da morte foi uma parada cardiorrespiratória, ocorrida enquanto ele ainda aguardava os resultados de exames no pronto-socorro.
Segundo relatos de testemunhas e da própria família, João buscava atendimento por fortes dores abdominais desde a semana anterior. Na ocasião, foi submetido a uma tomografia, mas, conforme a esposa, o exame não teria revelado alterações. Mesmo assim, ele seguiu sentindo cólicas durante toda a semana, até retornar ao hospital na sexta-feira.
Uma mulher que estava no HRO naquele dia afirma ter presenciado o sofrimento do paciente. “Ele gemia de dor. Levantou pra ir ao banheiro e, quando voltou, caiu no chão. As enfermeiras diziam pra ele não se jogar porque não conseguiriam levantá-lo. Quando o colocaram de volta no sofá, ele ficou ali, claramente com dor”, contou.
A esposa de João relatou ainda que, na sexta-feira, não foi autorizada a acompanhar o marido nas dependências do hospital. Já a filha dele, que tentou contato via mensagem, recebeu uma resposta dizendo que o pai não estava bem e que ninguém o atendia.
O que diz o hospital
Em nota oficial, a Associação Lenoir Vargas Ferreira (ALVF), que administra o HRO, confirmou que João deu entrada às 14h54 de sexta-feira com queixas abdominais. Ele foi classificado com risco amarelo — que indica necessidade de atendimento urgente, mas não imediato — e começou a ser atendido por volta das 16h59. Medicamentos foram aplicados e exames solicitados.
A direção do hospital afirma que João foi reavaliado por outra equipe médica às 20h52, momento em que estaria orientado e teria relatado melhora na dor. No entanto, às 22h, sofreu a parada cardiorrespiratória. A equipe tentou reanimá-lo por mais de 30 minutos, sem sucesso.
O hospital também informou que, na semana anterior, uma tomografia havia apontado suspeita de lesão no intestino (sigmoide) e que João foi orientado a realizar uma colonoscopia ambulatorial pela rede básica do município, pois estava estável na ocasião.
A ALVF afirma que irá apurar o caso para verificar se os protocolos foram cumpridos corretamente. A instituição lamentou o ocorrido e garantiu que os atendimentos seguem padrões de ética e profissionalismo.
Clima de revolta
A versão da família contrasta com os relatos oficiais. Para a esposa e demais familiares, o atendimento foi demorado e pouco humanizado. O clima entre os presentes era de indignação, principalmente diante do sofrimento visível que João apresentava enquanto aguardava por exames.
Agora, os parentes aguardam pela apuração prometida pelo hospital e pela Justiça. Enquanto isso, o caso levanta novamente o debate sobre a qualidade e agilidade do atendimento nas emergências dos hospitais públicos da região.