O empresário de Balneário Camboriú acreditava ter encontrado o amor. Um romance intenso, juras de paixão e promessas de futuro ao lado de uma mulher 30 anos mais jovem, modelo, de beleza marcante. Para ele, não havia dúvidas: ela o amava. A confiança era tanta que ele decidiu presenteá-la com um apartamento de frente para o mar, avaliado em mais de R$ 7 milhões, “para garantir o conforto dela se algo me acontecesse”, contou à defesa.
Mas o que parecia ser uma história de amor virou um golpe. Em uma viagem de negócios, o empresário resolveu antecipar a volta para surpreender a namorada. A surpresa, porém, foi dele. Ao abrir a porta do apartamento, encontrou outro homem no local — jovem, musculoso, descrito como “bombadão”. A cena desfez qualquer ilusão. Quando tentou tirar satisfação, ouviu da companheira palavras que o deixaram sem chão: “Nunca gostei de você. O apartamento é meu. Vai embora.”
A mulher, que até então vivia à custa da confiança do empresário, permanece no imóvel. O caso chegou ao advogado criminalista Cláudio Gastão da Rosa Filho, de Florianópolis, que agora atua para tentar reaver o patrimônio e responsabilizar a mulher pelo chamado “estelionato sentimental”, uma conduta já reconhecida judicialmente como ilícita.
Segundo Gastão Filho, o caso não é isolado. “A vítima de estelionato sentimental — homem ou mulher — é alguém que se entrega emocionalmente e é enganado por quem fala de amor enquanto busca vantagem econômica”, explica. “É um tipo de golpe que não apenas causa prejuízo financeiro, mas deixa feridas profundas. O Superior Tribunal de Justiça confirmou o direito à indenização por danos materiais e morais em decisão recente e unânime.”
O processo busca provar que o relacionamento foi baseado em manipulação e má-fé, com objetivo patrimonial. O advogado sustenta que, embora o imóvel esteja no nome da mulher, o presente foi obtido mediante engano, caracterizando o crime.
A história que começou como um conto de amor terminou como um pesadelo jurídico. Para o empresário, restam a vergonha, a humilhação e a sensação de ter sido usado por alguém que conhecia bem o poder da sedução. Para a Justiça, caberá agora decidir se o coração enganado também tem preço.