A invasão da Polícia Civil ao Morro do Horácio, em Florianópolis, nesta manhã de quarta-feira (18), não foi apenas mais uma operação. Foi um recado claro: as facções que dominam a região da Capital não vão agir sem resposta. A ação foi coordenada pela Delegacia de Repressão a Roubos da Capital (DRR) de Florianópolis, uma das unidades mais atuantes no combate direto à criminalidade organizada na capital catarinense.

Tudo começou há cerca de um mês, quando o delegado-geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, subia com sua equipe por um trecho conhecido da rua Antônio Carlos Ferreira, ligação entre o bairro Agronômica e o Morro da Cruz. O local, tomado por regras impostas pelo tráfico, funciona sob ordens paralelas: ali, é comum ver pichadas as orientações para motoristas, como “baixar o farol” e “baixar o vidro”. É a lei do morro.
O veículo à paisana da Polícia Civil, ocupado pelo delegado-geral, não seguiu os “protocolos” do crime. Foi então que dois olheiros, com rádio comunicador e arma de fogo, tentaram interceptar o carro. Em segundos, os criminosos se aproximaram e fizeram sinais para a equipe parar. A resposta veio na mesma velocidade: o delegado sacou sua pistola e efetuou disparos. Os criminosos fugiram.

Esse episódio escancarou uma realidade: o Morro do Horácio é uma das bases mais consolidadas da atuação de facções criminosas na Capital. A ousadia dos traficantes de abordar o chefe máximo da Polícia Civil do Estado serviu como gatilho para a resposta das forças de segurança catarinenses.
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A DRR de Florianópolis, liderada por agentes especializados no enfrentamento ao crime organizado, segue atuando nas investigações. Na manhã desta terça-feira (18), a delegacia deflagrou uma operação com mandados de prisão e busca e apreensão na comunidade. Um dos envolvidos na tentativa de abordagem foi preso. Outros, segundo os investigadores, já foram identificados e estão sendo procurados.
“A caçada vai continuar. Um por um será localizado. Nós não vamos recuar”, afirmou um dos agentes envolvidos na operação.
A ação da DRR de Florianópolis é parte de uma ofensiva maior contra o domínio territorial das facções no Morro do Horácio. No último sábado (14), a Polícia Militar de Santa Catarina também realizou patrulhamento na área e acabou entrando em confronto com traficantes. Um homem, identificado como Jefferson, morreu após apontar uma arma contra a guarnição. Com ele foram encontrados drogas, uma pistola, rádio comunicador e uma balança de precisão.
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O reforço policial, tanto da PM quanto da Civil, ocorre justamente após o agravamento dos episódios de violência no local. Moradores relatam que há anos a comunidade vive sob domínio de criminosos, que impõem regras próprias e controlam o fluxo de pessoas com o uso de rádios e olheiros espalhados pelas vielas.
A Delegacia de Repressão a Roubos, no entanto, tem feito frente a esse cenário. Com investigações consistentes, inteligência integrada e ação coordenada, a unidade conseguiu, apenas nos últimos meses, prender líderes de facção, apreender armamentos pesados e desmontar esquemas de roubo, sequestro e tráfico em diferentes pontos da Grande Florianópolis.
O episódio envolvendo o delegado-geral deixou claro que o Estado não pretende recuar. O recado foi dado: atacar a polícia é bater de frente com toda a estrutura da segurança pública catarinense. E no Morro do Horácio, a DRR de Florianópolis deixou isso evidente.
