A Polícia Civil de Santa Catarina deflagrou na manhã desta sexta-feira (10) a Operação Eagle, conduzida pela Delegacia de Repressão ao Racismo e Delitos de Intolerância (DRRDI/DEIC), para investigar um agente de trânsito da Diretoria de Trânsito (DITRAN) de Tijucas suspeito de apologia ao nazismo e uso de simbologia neonazista em materiais de trabalho e redes sociais.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na residência e no local de trabalho do servidor público, após decisão da Vara Regional de Garantias de Balneário Camboriú. A investigação teve início a partir de uma denúncia anônima, que apontava o uso de símbolos associados ao regime de Adolf Hitler e à ideologia supremacista branca.
Durante as buscas, foram apreendidos livros, distintivos, adesivos, DVDs e objetos personalizados com referências diretas ao nazismo, entre eles insígnias da SS, organização paramilitar criada por Hitler e responsável por executar políticas de extermínio racial durante a Segunda Guerra Mundial.

Também foi encontrado um brasão criado pelo próprio servidor para o DITRAN, com uma águia preta sobre uma estrela dourada, visualmente semelhante à Reichsadler, o símbolo oficial da Alemanha nazista. O brasão teria sido usado em uniformes e materiais de trabalho.
Nas redes sociais, o agente exibia frases em alemão e latim associadas a doutrinas de guerra, como “Reichtum, Gesundheit und Stärke” e “Si vis pacem, para bellum” (“Se queres a paz, prepara-te para a guerra”), além de imagens com o “Sol Negro” e o lobo Fenrir, ambos símbolos amplamente usados por grupos neonazistas e supremacistas europeus.
Em várias oportunidades o agente se apresentava publicamente como “policial de trânsito”, função que não existe em Tijucas, e utilizava uniforme próprio com insígnias irregulares.
A Operação Eagle teve como foco reunir provas da prática do crime previsto no artigo 20, §1º da Lei nº 7.716/1989, que pune com reclusão de 2 a 5 anos e multa quem fizer apologia ao nazismo, divulgar ou utilizar símbolos, emblemas e propagandas do regime de Hitler.

O material apreendido será periciado pela DEIC e pela Polícia Científica, que vão analisar a autenticidade dos símbolos e a possível conexão com outros investigados.
A operação foi coordenada pela DRRDI/DEIC, com apoio da DEDIR, DECAP e DECOR, todas unidades da Diretoria Estadual de Investigações Criminais.
O servidor foi conduzido para prestar esclarecimentos e deve responder a um eventual processo em liberdade.