Uma investigação conduzida pelo Ministério Público (MP) revelou a adulteração de laticínios em uma empresa, que envolvia a adição de soda cáustica e água oxigenada em produtos como leite UHT, leite em pó e compostos lácteos. Essas substâncias, usadas para mascarar deterioração e reprocessar produtos vencidos, são perigosas à saúde humana. Durante a apuração, também foram encontrados indícios como “pelos indefinidos” e sujeira em embalagens, apontando para graves falhas no controle de qualidade.
PRISÕES E OPERAÇÃO COORDENADA
Foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão em São Paulo e nos municípios gaúchos de Taquara, Parobé, Três Coroas e Imbé. Entre os presos estão um químico, o sócio-proprietário da indústria e dois gerentes. A ação teve o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Brigada Militar do Rio Grande do Sul.
Os produtos da Dielat são distribuídos no Brasil e exportados para países como a Venezuela. Além disso, a empresa já venceu licitações para fornecer laticínios a escolas e órgãos públicos. O Tribunal de Contas do Estado identificou que cidades como Porto Alegre, Gravataí e Viamão receberam o leite para a merenda escolar.
O RETORNO DO “ALQUIMISTA”
Entre os detidos está o químico industrial apelidado de “alquimista” ou “mago do leite”, velho conhecido por práticas fraudulentas. Ele já havia sido preso em 2014, acusado de adulterar produtos de outra indústria com substâncias similares. Segundo o MP, ele agora empregava métodos mais sofisticados, dificultando a detecção das fraudes pelos órgãos de fiscalização.
O promotor Mauro Rockenbach destacou a gravidade da situação. “Esse tipo de adulteração não só mascara a acidez do leite, como representa um risco potencial à saúde, inclusive com efeitos carcinogênicos. O químico aprimorou suas técnicas, dificultando a identificação em análises iniciais.”
FISCALIZAÇÃO E REPERCUSSÃO
O MP afirmou que exames detalhados estão em andamento para identificar os lotes comprometidos. Entidades como o Sindicato da Indústria de Laticínios (Sindilat) e a Associação dos Criadores de Gado Holandês (Gadolando) repudiaram as irregularidades e enfatizaram que os produtores rurais não estão envolvidos nas práticas denunciadas.
O Sindilat exige punições exemplares. “É fundamental que essas ações criminosas sejam combatidas com rigor, protegendo a integridade do setor produtivo e a saúde da população.”
Com as investigações ainda em curso, autoridades reforçam a necessidade de ampliar a fiscalização para evitar que práticas fraudulentas comprometam a qualidade dos alimentos consumidos pela população.