Nos últimos cinco anos, Santa Catarina se tornou o principal destino de quem decidiu recomeçar. De acordo com o Censo Demográfico 2022, divulgado nesta sexta-feira (27) pelo IBGE, o estado registrou o maior saldo migratório do país: foram 580 mil novos moradores chegando e apenas 149 mil saindo, o que resultou em um ganho populacional líquido de mais de 354 mil pessoas.
Esse movimento silencioso de mudança representa um crescimento de 4,66% na população catarinense apenas por migração – a maior taxa entre todos os estados brasileiros no período analisado entre 2017 e 2022.
Migração entre estados
A pesquisa mostra que a maioria dos migrantes vieram do Rio Grande do Sul (134,8 mil), Paraná (96,1 mil) e São Paulo (62,4 mil). São famílias que buscam oportunidades de trabalho, segurança, estabilidade e, principalmente, qualidade de vida.
Na contramão, estados como Rio de Janeiro, Maranhão e Distrito Federal perderam mais pessoas do que ganharam no mesmo período. O Rio, por exemplo, viu 165 mil moradores deixarem o estado – maior número absoluto de perda entre as unidades federativas.
Estabilidade sem aumento de impostos
Na avaliação do secretário da Fazenda de SC, Cleverson Siewert, um dos fatores que mais colaboraram para esse salto populacional é a estabilidade fiscal, sem que houvesse aumento da carga tributária. “Enquanto outros estados aumentaram impostos após a Reforma Tributária, Santa Catarina fez o oposto”, destacou. O governador Jorginho Mello (PL) chegou a ser o primeiro do Brasil a declarar publicamente que não elevaria tributos.
A confiança na gestão também se reflete nos investimentos. Em 2024, o estado destinou R$ 2,3 bilhões a mais do que o mínimo legal para áreas como Saúde, Educação, Ciência e Tecnologia e Ensino Superior. A saúde recebeu, por exemplo, 15,8% da arrecadação – bem acima dos 12% obrigatórios pela Constituição.
Imigrantes internacionais também escolhem SC
Não são apenas os brasileiros que enxergam Santa Catarina como um porto seguro. Entre 2010 e 2022, 72,6 mil estrangeiros chegaram ao estado, e 66% deles decidiram ficar até o fim do período analisado – a maior taxa de permanência do país.
Os venezuelanos lideram esse fluxo, com 54% dos registros, seguidos pelos haitianos (15,7%), argentinos (5%) e norte-americanos (2,7%). Essa diversidade também está moldando o perfil cultural, gastronômico e econômico das regiões que os acolhem.
Cidades litorâneas lideram permanência
Em termos de permanência, os dados revelam que os dez municípios catarinenses com maior taxa de fixação de migrantes são, em sua maioria, cidades do Litoral e do Norte do estado. Balneário Gaivota, Itapoá e Balneário Arroio do Silva aparecem no topo do ranking, com taxas que ultrapassam os 48%.
Esse fenômeno migratório acende o alerta para desafios em moradia, mobilidade e acesso a serviços públicos, mas também reforça a imagem de Santa Catarina como um estado próspero, estável e acolhedor.
A força econômica aliada à eficiência na gestão pública e aos atrativos naturais tornam Santa Catarina, mais do que nunca, um destino escolhido – não por acaso, mas por convicção.