“Tava tudo estranho”: sobrevivente expõe falhas antes da tragédia com balão em SC
Por equipe Jornal Razão
Publicado em 22/06/2025 11h29| Atualizado há 143 dias
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Sobrevivente da tragédia com balão em Praia Grande diz que voo foi abortado antes por causa do vento e que o balão teve dificuldade para subir.
“Tava tudo estranho desde o começo.” A frase dita por Fernando Veronesi resume o sentimento de desconfiança que ele teve pouco antes da tragédia que abalou o estado de Santa Catarina no sábado (21), quando um balão de ar quente caiu e matou ao menos oito pessoas em Praia Grande, no extremo Sul catarinense.
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Em uma série de entrevistas exclusivas concedidas ao repórter William Fritzke, parceiro do Jornal Razão, o sobrevivente narrou com riqueza de detalhes tudo o que viveu nas horas que antecederam a queda.
“Quero deixar meus pêsames às famílias. A gente estava todo mundo feliz, alegre. Desde o café da manhã, na van, até a hora de tirar foto, era só sorrisos. Essa lembrança vai ficar pra sempre”, disse Fernando.
Segundo ele, os passageiros foram divididos por pulseiras coloridas que indicavam em qual parte da cesta cada um ficaria durante o voo. Fernando e a namorada estavam no box 2, distante do centro do cesto onde ficavam os cilindros de gás.
Antes da decolagem, o grupo foi levado de van até um primeiro terreno. Mas o local foi rapidamente descartado pelo piloto.
“A gente chegou, ficou uns 20 minutos observando. O piloto disse que não ia dar para voar ali. Muito vento, muita árvore. Ele disse que íamos pra outro lugar”, contou.
De acordo com Fernando, o trajeto até o segundo terreno demorou mais de 20 minutos. E foi lá que a situação começou a chamar atenção.
“Quando a gente chegou no segundo ponto, já tinha mais de dez balões no ar. Era lindo, nascer do sol, tudo animado. Mas logo notei que nosso balão estava demorando. Eles estavam sofrendo para encher”, revelou.
Segundo ele, o balão não inflava corretamente e chegou a arrastar a caminhonete que tentava mantê-lo estabilizado. Mesmo assim, os passageiros foram posicionados e orientados a embarcar.
“O cesto estava sendo segurado por pessoas, ele enchia, esvaziava, jogava o gás e nada. Eu pensei: ‘tem algo errado’. Quando entramos no cesto, ele simplesmente soltou a corda e o balão subiu muito rápido. Não foi normal”, disse Fernando.
O relato de Fernando indica que havia sinais de que o voo não estava ocorrendo dentro da normalidade. Ele mesmo chegou a dizer mais de uma vez: “tava complicado” e “tava tudo estranho”.
As falas reforçam os indícios de que a decolagem pode ter ocorrido de forma precipitada. E, embora Fernando não acuse diretamente a empresa ou o piloto, suas observações são valiosas para as investigações que estão sendo conduzidas pela Polícia Civil de Santa Catarina, que já ouviu o piloto e diversas testemunhas.
A empresa responsável pelo passeio ainda não se manifestou oficialmente sobre os relatos. Já a Polícia Científica trabalha na identificação das vítimas e na análise dos equipamentos recolhidos no local.
Fernando sobreviveu porque conseguiu se lançar do balão no momento em que as chamas começaram. Ao lado da namorada, ele caiu de uma altura relativamente baixa. Outros passageiros não tiveram a mesma chance.
“Tinha gente filmando, sorrindo, tirando foto dentro do balão. Era pra ser um dia feliz. Acordamos cedo, fizemos tudo certo. Não era pra acabar assim”, lamentou.
O depoimento de Fernando deve ser incluído no inquérito policial como testemunho chave. O Jornal Razão, em parceria com William Fritzke, seguirá publicando trechos inéditos das entrevistas.
A íntegra das entrevistas está sendo publicada no Instagram @williamfritzke.
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