O delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, revelou em entrevista à Rádio ACB FM 87.9, de Braço do Norte, que pretende disputar uma vaga como deputado estadual nas eleições de 2026. A declaração confirma os bastidores da política catarinense, que já apontavam sua movimentação rumo à Assembleia Legislativa.
Durante a conversa, Ulisses disse que a motivação para entrar na política surgiu em 2018, quando obteve mais de 28 mil votos ao concorrer pela primeira vez. “A gente tem que se envolver, senão não dá pra reclamar depois. As pessoas que se envolvem acabam comandando o processo”, afirmou.
Segundo ele, o convite para assumir o comando da Polícia Civil foi feito pelo governador Jorginho Mello (PL), que teria pedido melhorias na estrutura da segurança pública. “A gente que paga imposto, quer retorno”, teria dito o governador, conforme relato de Ulisses.
O delegado também deixou claro que está à disposição do partido e do governador: “Ele é meu chefe, foi ele quem me nomeou. Estou à disposição dele e do partido”.
Ulisses citou a necessidade de representação da segurança pública na Alesc. “Se não tiver alguém para brigar por investimentos na segurança, ninguém vai fazer isso”, declarou. Ele acrescentou que, caso seja eleito, irá focar em projetos estruturais e investimentos nos 47 municípios do Sul catarinense.
A possível candidatura provocou reação imediata dentro do PL. Em menos de 48 horas, dois parlamentares do partido criticaram publicamente a movimentação: a deputada federal Julia Zanatta e o deputado estadual Jessé Lopes, ambos de Criciúma.
Jessé, pré-candidato à reeleição, afirmou à Rádio Som Maior que se sentiu “desrespeitado” e “desprestigiado” com a movimentação de Ulisses. “Ele se coloca como adversário meu, visita nossas lideranças e pede apoio. Já levei minha reclamação ao governador”, disse.
O parlamentar também alegou que Ulisses teria assumido compromisso de não disputar eleições ao aceitar o cargo de delegado-geral e o acusou de usar a máquina pública para fazer campanha. “Ele era do PSD, não apoiou Jorginho na campanha, e agora vem como forasteiro disputar pelo PL usando a estrutura do governo”, disparou.
A forte reação interna mostra que o caminho dentro do PL pode ser turbulento. A sigla terá que equilibrar os interesses de seus atuais parlamentares com a chegada de nomes influentes vindos do Executivo.