Portobello tem prejuízo milionário e inaugura fábrica nos EUA para ‘fugir’ dos riscos do Brasil

A Portobello, gigante catarinense do setor de revestimentos cerâmicos, enfrentou um período financeiro desafiador no segundo trimestre de 2023, registrando um prejuízo líquido de R$ 38,3 milhões.

Por Lorran Barentin

Publicado em 14/10/2023 20h43 | Atualizado há 138 dias

A Portobello, empresa de Tijucas especializada em revestimentos cerâmicos, está olhando para além das fronteiras brasileiras para assegurar seu futuro. Depois de registrar prejuízo milionário nos últimos meses, a empresa inaugurou neste sábado uma fábrica gigante nos Estados Unidos, no estado do Tennessee. 

O investimento busca proteger a companhia contra as instabilidades econômicas, bem como expandir seu mercado. 

A nova fábrica custou nada menos que R$ 900 milhões e levou cinco anos para ficar pronta. Especialistas acreditam que a planta tem o potencial de triplicar as vendas da Portobello na América do Norte. John Suzuki, o presidente da empresa, diz que um dos grandes atrativos para levar a produção para os EUA é a estabilidade econômica do país. “O mercado americano é muito mais estável e promissor”, afirma Suzuki.

A Portobello saiu de uma sequência de lucros milionários até setembro de 2022 para resultados negativos a partir do primeiro trimestre de 2023. Para se ter ideia, nos meses de janeiro, fevereiro e abril de 2022, a Portobello teve lucro de R$ 31,1 milhões. No mesmo período em 2023, entretanto, o prejuízo foi de R$ 17,1 milhões. 

Fundada em 1979 em Tijucas, a Portobello inicialmente estava no ramo de açúcar antes de encontrar seu nicho na cerâmica. A empresa sempre teve uma visão estratégica de localização, aproveitando a proximidade com mercados importantes como São Paulo e países vizinhos como Argentina e Chile. Hoje, ela exporta para 60 países e é avaliada em mais de R$ 800 milhões.

Apesar do entusiasmo, a expansão para os EUA não está livre de desafios. Ivan Barboza, sócio da gestora Ártica Investimentos, aponta que crescer as vendas para R$ 750 milhões trará desafios logísticos e de demanda. No entanto, ele acredita que os benefícios, como agilidade na entrega e menor impacto de variações cambiais, compensarão.

Com 146 unidades de venda, sendo 24 próprias, a Portobello também está apostando na venda direta ao consumidor. No último trimestre, a empresa atingiu um recorde de vendas nessa divisão, chegando a R$ 233 milhões. “Nossa loja é mais premium e não concorre muito com o home center”, diz Suzuki.

A inauguração dessa fábrica nos EUA marca um momento decisivo para a Portobello e para a cidade de Tijucas, mostrando que mesmo empresas de regiões menores podem fazer movimentos ousados e bem calculados no cenário global.

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