Arquivo pessoal
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Muitos dos nossos novos seguidores e leitores não sabem, mas em 29 de janeiro de 2005 uma tragédia quase mudou totalmente os rumos do Jornal Razão.
Fui atropelada enquanto caminhava com meu marido, Leopoldo Barentin (in memorian). Por volta das 19h daquele fatídico dia, saímos para dar uma caminhada e oxigenar o sangue para mais algumas horas de labuta.
A menos de 300m de distância da nossa residência, dois motoqueiros que vinham um pouco atrás de nós resolveram empinar suas motos e fazer um racha.
Meu esposo e eu estávamos de mãos dadas, pois pra quem não enxerga, é difícil andar sozinho. Um dos motoqueiros perdeu o controle e simplesmente deu com a moto nas minhas costas. Fui arremessada a vários metros de distância.
Meu casamento com Leopoldo aconteceu no hospital. Nosso filho, Lorran, tinha apenas 6 anos. Uma das testemunhas da união foi Amilton dos Santos.
Foram dois anos e oito meses de muito sofrimento. Eu usei uma gaiola em volta da perna chamada Elia - zarov.
A cada quatro horas tínhamos que apertar um monte de parafusos, puxando as pontas dos ossos que foram cerrados abaixo do joelho e acima da canela, amarrados com hastes de ferro para se encontrarem.
Amilton foi um grande parceiro de nossa família. Ao longo dos anos em que precisei periodicamente me deslocar até diversos hospitais, sempre pudemos contar com sua mão amiga.
Leopoldo cego, Lorran criança, eu acidentada. Quem mais poderia me levar às consultas médicas? Na época, não existia Uber. Contamos com a solidariedade de quem nos queria bem. E Amilton era uma dessas pessoas especiais.
Ontem ficamos sabendo que Amilton deixou o plano terrestre. Uma pessoa ímpar, um flamenguista apaixonado e um homem de caráter. Os bons vão cedo. Fica o sentimento de saudade de um cidadão que deixou sua contribuição para um mundo mais humano e fraterno. Vai com Deus, Amilton! Muita luz e paz. Muito obrigado por tudo.