Escândalo em São João Batista: prefeito faz graves acusações contra Daniel Netto Cândido

Prefeito Pedroca gravou áudio onde afirma que, se não fosse pela pandemia, situação é tão grave que “já teria gente na cadeia”

Escândalo em São João Batista: prefeito faz graves acusações contra Daniel Netto Cândido

Reprodução / Redes Sociais

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Na última semana, áudios compartilhados nas redes sociais e grupos de São João Batista revelaram graves acusações por parte do Prefeito Pedroca contra seu antecessor, o candidato a Deputado Estadual Daniel Neto Cândido. 

Pedroca era vice prefeito durante a última gestão do ex-prefeito Daniel e garante que jamais imaginava a situação “gravíssima” em que se encontra o município.

“Já era pra ter gente na cadeia”, disse Pedroca.

O motivo da indignação seriam vídeos gravados por Daniel em São João Batista, em que aparece, segundo o Prefeito Pedroca, “fazendo mediazinha com a população”.

“Eles estão brincando comigo, mas a hora que eu começar a desabafar tu vai ver o quanto que eu tenho pra mostrar pra população”, ameaça o prefeito.

A revolta de Pedroca se deu por conta, principalmente, de três grandes e caríssimas obras executadas na cidade: o ginásio do Manecão, a “Ponte do Desenvolvimento” e a polêmica Fábrica de Munições, que nunca saiu do papel.


Segundo Pedroca, o ginásio do Manecão custou R$ 5 milhões, o “suficiente para fazer dois daquele”, mas sequer foi terminado e hoje está fechado.

“Foi gastado cinco milhões naquele ginásio, uma fortuna, não sei aonde que botaram tanto dinheiro naquilo ali, agora não tenho R$ 500 mil pra terminar porque a prefeitura não tem condições de fazer mais nada! Não sobra recurso! Não sobra mais dinheiro nenhum”, denuncia Pedroca.

Ele continua seu desabafo afirmando que a cidade está falida e não tem dinheiro para nada:

“A não ser se tirarmos 300 funcionários da prefeitura, fechar uma porção de coisas. Não temos condições de fazer mais nada, nada”, diz.

Uma das principais preocupações é a situação das novas creches que estão sendo construídas na cidade. Ao que tudo indica, serão “creches fantasmas”, pois Pedroca revela que não terá condições de arcar com as despesas para colocá-las em funcionamento.

“Tudo que foi feito da Administração passada ta tudo pra pagar! Foi feito só a maquiagem. O resto ta tudo pra pagar. Só o que foi pago é a terra da fábrica de munição, porque aquilo ali tu sabe o que aconteceu ali né, aquilo ali foi a maior vergonha do mundo”, diz o prefeito se referindo ao polêmico caso da Fábrica de Munições que deveria se instalar em SJB, mas que nunca saiu do papel.

Apesar disso, a prefeitura gastou quase R$ 1 milhão e 500 mil para comprar um terreno e fazer todo o serviço de terraplanagem para que a empresa se instalasse no município, sob a promessa de geração de emprego e renda para a cidade.

“Eu não sei aonde que colocaram tanto dinheiro! Dinheiro dos deputados? Cade os R$ 30 milhões do Peninha? R$ 30 milhões de reais eu trabalho 4 anos de obra em São João e cade esses R$ 30 milhões? Aonde que está os R$ 40 milhões? Agora imagina. R$ 30 milhões do Peninha e mais R$ 40 milhões que vamos ter que pagar em 4 anos, sem contar o restante dos deputados que deram emenda e recursos para a cidade, onde está esse dinheirão tudo, essa fortuna toda? Ainda vem pra cá querer fazer videozinho, onda com a população, isso é uma vergonha! Eu não sei até onde vou aguentar, ta? É uma vergonha mesmo! A gente ter que engolir isso. Estar ali trabalhando igual eu to trabalhando, pagando pra ta na cadeira e ter que engolir sapo, sapo nao, uma lagoa inteira! Eles tão brincando comigo, A hora que eu começar a desabafar tu vai ver o quanto que eu tenho pra mostrar pra população. Essa vergonha! É uma vergonha tudo que houve nessa administração Daniel e Pedroca de Vice pra mudar. Eu tenho até vergonha e se eu soubesse 1% o que aconteceu naquela prefeitura eu teria vergonha de sair de casa pra pedir voto pra prefeito. E agora ter que ficar aí, com a boca fechada pra não sair por ruim. É uma vergonha, mas eu to quase me desabafando to quase coisa porque vai estourar vai estourar e grande em São João Batista, se não fosse a pandemia já era pra ter estourado lá atrás, já era pra ter gente na cadeia, mas tudo bem eu vou tentar aguentar até onde eu posso, mas eu to estourando”, finaliza Pedroca.

Investigação

Além das denúncias suscitadas por Pedroca, na última semana a Câmara de Vereadores de São João Batista confirmou que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) aceitou a denúncia dos vereadores do Partido Progressista (PP) e investigará a situação da pavimentação de asfalto da rua Vicente Marcos da Silva, que liga a região Central da cidade até a Rodovia SC – 108, via bairro Tajuba II.

As informações são do Jornal Correio Catarinense. De acordo com o Correio, a rua foi pavimentada durante a segunda gestão do ex-prefeito Daniel Netto Cândido. E alguns meses depois de inaugurada, a via já apresentava problemas na pista de rolamento o que chamou a atenção dos motoristas que por ali transitam.

Em 2021, no início da gestão do prefeito Pedro Alfredo Ramos, o Pedroca (MDB), a Prefeitura de São João Batista contratou uma empresa independente para fazer um estudo sobre a obra. E a conclusão foi de que melhorias teriam que ocorrer ao longo de toda a via, no que referem à espessura do asfalto, da base e de aplicação de material.

A empresa Zandoná Assessoria e Projetos foi à responsável pelo estudo. Sobre a espessura, a média ficou de 6,82 cm, abaixo de 8 cm que consta no projeto. A variação aceitável seria de aproximadamente 5%, mas ficou abaixo.

Sobre a vibração da base, os ensaios de deflexão (Viga Benkelmann), foram recolhidos em 50 pontos. A média seria de 0,70 mm, porém os números ficaram entre 1,67mm do lado direito e 1,68 mm do esquerdo. “Os valores de deflexão apurados demonstram que existe um problema estrutural no pavimento”, descreveu a Zandoná.

Quanto ao material de asfalto aplicado, o estudo também informou que não é o que estava no projeto. O correto era o material A do Dnit, mas a aplicação foi do B.

Na época, com as análises em mãos, o Poder Público se reuniu com a Infrasul, que executou a obra de asfalto e, também, com a engenheira da Associação dos Municípios da Grande Florianópolis (Granfpolis), responsável pelo projeto. Mas o assunto não avançou.

O que disse a empresa

Na época, a empresa também fez um estudo paralelo. Sobre a espessura, a Infrasul informou que estaria dentro da média, assim como estariam corretos os ensaios de deflexão. Inclusive, a empresa fez até um orçamento para a recuperação de todo o trecho, no valor de R$ 880 mil. Por isso, empresa e Prefeitura Municipal entraram em litígio.

Valores

No total, a obra custou em torno de R$ 2 milhões 647 mil, sendo que para a Infrasul, o valor a receber era de R$ 2 milhões 412 mil. Na época, o município pagou R$ 1 milhão 712 mil. A empresa ainda teria a receber R$ 700 mil. Porém, ainda aguarda-se uma solução.

O que diz o TCE

De acordo com o Tribunal de Contas do Estado, as falhas detectadas no projeto e na execução da obra, bem como possíveis impropriedades nos encaminhamentos adotados pela unidade gestora, indicam a fiscalização por meio do TCE, bem como a adoção das medidas sugeridas pela área técnica.

Devido a essa situação, a Prefeitura de São João Batista terá o prazo de 30 dias para encaminhar ao TCE, documentos do projeto da obra, incluindo os estudos preliminares. ART do executor do projeto e do fiscal do projeto, histórico e situação atual das tratativas junto à empresa contratada para a resolução dos problemas construtivos, folhas de medição e respectivas memórias de cálculo, controle tecnológico de todos os serviços executados e relatório simplificado dos pagamentos.

Declarações

Para o vereador Mateus Galliani (PP), a obra demonstra um verdadeiro descaso com o dinheiro público em São João Batista. “Isso sem falar na tal fábrica de bala, e no Ginásio do Manecão que não se termina a obra. Estamos aqui para fiscalizar e cobrar”, diz.

Nelson Zunino Neto destaca que chegam ao TCE centenas de processos diariamente. E nem todos são aceitos para investigação. “Então é um ponto importante essa investigação, para saber, realmente, se há ou não culpados, pois estamos falando de dinheiro público”, destaca o vereador.

Chamado para falar sobre, o ex prefeito Daniel não quis se manifestar.

Fonte: Jornal Razao