Reprodução / Redes sociais
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Exatamente um ano após Tijucas ser alvo de uma grande campanha midiática ‘pró-aborto’, que culminou no ‘linchamento virtual’ da juíza Joana Ribeiro Zimmer e da promotora Mirela Dutra Alberton para forçar a opinião pública à favor da interrupção da gestação de uma menina de 11 anos, mais uma vez o caso volta aos holofotes em todo o Brasil.
Estamos falando daquele caso que você está pensando, mesmo. Da menina de 11 anos que estava grávida após ser estuprada, em Tijucas. Aquele caso que misteriosamente, apesar de estar em segredo de justiça, teve gravações vazadas por um site em que a advogada da família é colunista, o Portal Catarinas, de extrema-esquerda e ativista em causas progressistas.
A decisão do CNJ foi aprovada por unanimidade na última terça-feira, 20. No entendimento dos conselheiros do CNJ, a magistrada impôs suas convicções pessoais ao proibir que o aborto fosse realizado. O corregedor nacional de Justiça e relator do caso, ministro Luís Felipe Salomão, afirmou que a conduta de Zimmer configura uma violência institucional que “revitimizou” a criança.
Apesar de a advogada do caso ser colunista do Portal Catarinas, que fez a reportagem junto ao The Intercept, e ter esse prévio conhecimento dos autos do processo, que corre em segredo de justiça, inúmeros fatos importantes para a compreensão do que estava em discussão foram ignorados para vender-se a narrativa de que a menina foi estuprada por um desconhecido e que, por isso, precisaria abortar com urgência.
Aliás, a Polícia Civil de Tijucas, através do delegado Alison da Rocha Costa, indiciou as advogadas da família da menina. O inquérito também foi motivado por uma notícia de fato instaurada pela 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Tijucas, que solicitou judicialmente os acessos feitos aos processos relacionados ao caso, além dos endereços IP dos computadores.
“Os elementos informativos coletados indicam que Ariela Melo Rodrigues e Daniela Felix Rodrigues violaram o sigilo processual dos autos […], ao permitirem que o depoimento da criança […] fosse assistido por pessoa estranha ao processo, sem autorização judicial […]. de igual modo, Ariela Melo Rodrigues e Daniela Felix divulgaram sem justa causa, informações sigilosas[…]”, apontou o delegado da Delegacia de Tijucas, Alison da Rocha Costa, no relatório em que faz o indiciamento.
O teor da reportagem é extremamente claro e conclusivo: a criança precisa urgentemente abortar. O primeiro parágrafo, inclusive, deixa isso em evidência: “Uma criança de 11 anos, grávida após ser vítima de um estupro, está sendo mantida pela justiça de Santa Catarina em um abrigo há mais de um mês para evitar que faça um aborto legal”.
Arrisco dizer que 99% das pessoas que compartilharam a reportagem original do The Intercept e as cópias da mesma veiculadas pela mídia em todo o país sequer leram o restante ou tentaram interpretar os fatos.
Causa estranheza o fato de que, apesar de se ter acesso a todo o caso, afinal, o vídeo não surgiu sozinho na pasta do Windows das jornalistas, em nenhum momento foi mencionado na reportagem as evidências, suspeitas e diligências indicando a idade e identidade do estuprador.
Na verdade, conforme foi apurado através de exame de DNA, a menina de 11 anos engravidou após relação sexual com seu ‘meio-irmão’, de 13 anos. Há suspeitas de que o padrasto e a mãe da criança sabiam que a menina e o menino mantinham relações.
Sabendo de todos estes fatos, a Juíza Joana Zimmerman, responsável pela condução do gravíssimo caso, tentou conduzir da melhor forma possível, pois tanto ela quanto a Dra. Mirela não queriam que a vítima corresse o risco de voltar ao “lar” e engravidar novamente.
Entretanto, o vazamento criminoso comprometeu o andamento do processo e pôs a justiça "contra a parede". A juíza e a promotora foram massacradas publicamente, até que os fatos foram revelados com exatidão: na verdade, a mãe da menina de 11 anos procurou o hospital para abortar apenas quando já estava na 22 semana de gestação.
A criança foi mantida em abrigo para ficar longe do provável abusador, mas a narrativa difundida foi a de que a juíza "sequestrou" a menina de 11 anos para evitar o aborto.
Por que será que nenhum destes fatos foram mencionados na reportagem do The Intercept Brasil? Será que, se expostos estes tópicos, suscitariam-se dúvidas acerca da legalidade e tornaria mais difícil “vender a ideia” de que a menina precisava urgentemente abortar?
Vamos relembrar o que narramos em 26 de junho de 2022:
Simultaneamente com a narrativa construída em Tijucas e difundida em todo o país, na América do Norte, ocorria outro importantíssimo e decisivo julgamento: continuaria o aborto sendo um direito nos Estados Unidos da América?
Além disso, no mesmo bolo, ocorreu a eleição de Gustavo Petro, primeiro presidente de esquerda da Colômbia. Com a eleição de Petro, o continente sul-americano tornou-se quase todo vermelho. A derrubada do direito constitucional ao aborto nos EUA foi uma vitória da ideologia de direita, que já estava prevista pelos principais articuladores da geopolítica mundial.
Ou seja, em todo o mundo, neste momento, a polarização entre as ideologias de esquerda e direita gira entorno do aborto. O Brasil, um dos únicos países da América Latina onde o governo rege segundo preceitos conservadores, escolheria muito em breve seu novo presidente.
Hmmm.... e o que foi que aconteceu?
Através da imprensa marrom, pessoas se transformam em mera massa de manobra, passando a defender ideias que não são suas e que geralmente sequer lhes beneficiam. Massa de manobra são as pessoas manipuladas e conduzidas para servir o interesse de alguém ou de um grupo. Para quem é conveniente, neste momento, a criação de uma polarização entre a população?
Para a construção de uma narrativa, precisa existir elementos coesos, fortes e, principalmente, revoltantes: afinal, é o que vende. A mídia sabe disso. A população, felizmente, está aprendendo isso e passa a selecionar quais veículos seguir, ler e acreditar. Ao que tudo indica, o caso foi escolhido à dedo ou, então, “caiu como uma luva”.
No centro da geopolítica mundial, estava justamente nossa cidade e o fatídico caso de duas crianças. Você percebe como a narrativa foi construída em sua totalidade ignorando-se os três elementos principais? São eles: a criança grávida, a criança que abortou e a condução da justiça.
A partir do momento que “explodiu” o caso, chegando aos trending topics do Twitter e tendo viralizado em todas as redes sociais, rapidamente entrou-se com recursos para que a gestação fosse interrompida. Com a pressão popular, fruto da forte construção da narrativa, conforme evidenciamos, não demorou para que ocorresse o aborto e começou a ganhar a mídia a seguinte notícia:
Criança de 11 anos estuprada faz aborto e interrompe gravidez
Vitória da esquerda. Danem-se todos os envolvidos. Será mesmo? E as consequências de tudo isso?
A criança voltou para casa e deixou o abrigo. Bacana! Que casa é esta? A mesma casa onde reside o suposto estuprador? E, afinal, foi um estupro?
Segundo o delegado, ao que tudo indica, em tese configura-se um estupro. Todavia, a responsabilidade se direciona para os dois envolvidos e, inclusive, o próprio autor figura como vítima e a vítima configura como autor. Confuso? Claro! A gente entende tudo o que está sendo debatido? Óbvio que não. Quem entende são os juízes, promotores, policiais e profissionais competentes. E quem não entende, obviamente, são jornalistas irresponsáveis que divulgam desenfreadamente uma narrativa objetivando a venda de uma ideia e o consequente lucro com milhões de pageviews.
Ainda de acordo com o delegado, os atos foram consentidos e planejados pelo adolescente de 13 anos e criança de 11. Havia, segundo a Polícia Civil, uma relação considerada pelos pais como sendo “de afeto” entre os dois e agora, investiga-se, inclusive, a responsabilidade dos pais.
Em tempo, também ocorre uma rápida “correção” por parte de jornais que, irresponsavelmente, reproduziram a opinião do The Intercept. Agora, pedem desculpas à promotora Mirela Dutra Alberton e à juíza Joana Ribeiro e se retratam pelo que fizeram.
Queremos esclarecer que, em nenhum momento estamos entrando no mérito sobre a discussão acerca do aborto. Estamos entrando na discussão sobre o caso especificamente, que infelizmente foi ignorado a partir do momento em que o aborto se concretizou.
A discussão central do assunto é sobre a menina supostamente ter sido “sequestrada” pela justiça. Na verdade, ela estava num abrigo porque, infelizmente, apenas com 22 semanas de gestação o caso foi levado ao conhecimento do judiciário e havia a fundada suspeita de que o autor pudesse se tratar de seu meio-irmão, que também é uma criança e está sujeito a uma diferente abordagem por parte da legislação, muito mais cautelosa, limitada e absurdamente menos rígida do que se fosse um adulto. Tem que ser debatida? Sim. O que não pode acontecer é uma vítima de estupro ser usada para que ocorra a venda de uma ideia para a sociedade.
Para finalizar, fica a pergunta. E para a bebê, quem vai pedir desculpas?