“Mãe, ela colocou a agulha em mim”: enfermeira ‘fura’ criança com seringa de paciente com doença sexual

Enfermeira alega que foi um acidente. “Esbarrou sem querer no corredor do Pronto Socorro”

“Mãe, ela colocou a agulha em mim”: enfermeira ‘fura’ criança com seringa de paciente com doença sexual

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O Pronto Atendimento 24 horas de Barra Velha, localizado na pequena cidade litorânea de mesmo nome, em Santa Catarina, voltou a ser destaque. Dessa vez uma criança de apenas 8 anos foi ‘furada’ com uma agulha que pode estar infectada com uma doença sexualmente transmissível.

O caso mais recente ocorrido às 21 horas de quarta-feira, 17, aconteceu duas semanas após a morte da pequena Sofia Pereira, de apenas 4 anos, que não resistiu às complicações de dengue e morreu no final da tarde de domingo, 31 de março.

Após a tragédia, a população e familiares de Sofia fizeram manifestação na cidade e o prefeito interino Daniel Cunha, exonerou o então secretário de saúde Rogério Pinheiro, nomeando também de forma interina, Maurício Coimbra. Desde então o Ministério Público investiga possível negligência médica.

AGULHA – Segundo a costureira Silvana Auda, que conversou com o Portal danimeller.com, era pouco antes das 21 horas de quarta-feira, 17, quando, acompanhada da filha M.A., foi até o P.A onde tinha marcado um exame de Raio-X, solicitado por um médico do posto de saúde onde é atendida.

“Como meu marido é carreteiro e eu não tinha com quem deixar minha filha, a levei junto. Dentro da unidade me dirigi até a sala de exame. Tinha muita gente lá e uma funcionária [provavelmente uma técnica de enfermagem] estava medicando uma paciente sentada na cadeira, no corredor. Quando passamos ela virou e nesse momento ‘enfiou a agulha com tudo no ombro dela’ um palmo do rostinho”, detalha Silvana.

No momento, Silvana disse que sequer imaginou a gravidade. “Achei que a profissional só havia esbarrado, mas não, a M. estava com a mão no ombro. Então perguntei se havia machucado e ela falou: “mamãe a agulha entrou em mim”. Me apavorei e ao puxar a blusa vi que estava respingada de sangue”.

Nesse instante Silvana ainda muito nervosa sem saber como proceder, orientada por outra paciente que presenciou tudo, foi atrás da profissional. “Como ela estava sem crachá não tive como descobrir o nome, mas ela apenas pegou um algodão com álcool, passou e disse: ‘não foi nada’. Questionei o fato da agulha já ter sido usada e ela insistiu que ‘não tinha sido nada’, mas que se eu quisesse poderia fazer o teste rápido”.

Pouco tempos depois outro profissional, dessa vez um homem, foi até Silvana e colheu o material da criança para o teste, instante em que todo o tormento começou tomar corpo.

“Após o resultado do teste, a mesma profissional que furou minha filha, tentou me dispensar e disse que eu poderia ir embora. Foi aí que o colega dela, que havia coletado o sangue, disse que não, que a M. tinha que ficar e como medida de prevenção deveria ser medicada”, lembrou Silvana.

Ela contou que depois veio até elas um médico e ‘como não era a área dele’, ele entrou em contato por telefone com outro profissional e posteriormente medicaram M. com Benzetacil.

“A mesma profissional que furou minha filha com a agulha usada veio para aplicar a medicação, junto de uma colega. Elas erraram, furaram ela e o remédio não saía. Depois tiraram, trocaram a agulha e furaram o outro lado. Minha filha berrava de medo e dor. Foi horrível. Saí de lá com ela no colo, chorando. O que posso dizer é que estou com muito medo”, desabafou Silvana.

Em virtude do ocorrido, e como preconiza o protocolo nesses casos, a menina, segundo a mãe, além de não poder ir à escola nos próximos três dias, terá de fazer um ‘tratamento por 28 dias e acompanhamento até 6 meses com teste rápido’, para prevenção de possíveis doenças.

A costureira contou que na manhã dessa quinta-feira, 18, voltou a unidade, mas que vai precisar regressar a tarde porque a funcionária que trabalha na farmácia da Vigilância Epidemiológica está de férias.

“Por telefone ela orientou uma colega, mas às 13h30 um médico irá atende-la para saber se será necessário mudar o medicamento em função do preso e idade dela, porque ela não pode tomar comprimidos. E caso essa medicação não tenha em Barra Velha, vamos ter que esperar vir de Joinville”, contou.

Silvana continuou: “Até lá, estou desesperada. Custava a profissional ter tido um pouquinho mais de atenção e profissionalismo? Cuidado básico que se aprende na faculdade? Minha filha está em pânico”.

Ainda de acordo com Silvana, o caso já foi registrado na Polícia Civil e também deve ser levado ao conhecimento do Ministério Público.

SÍFILIS – A reportagem do Portal foi informada por fontes de que a paciente em questão, na qual a profissional estaria fazendo a medicação quando acidentalmente atingiu a pequena M., estaria se tratando de Sífilis, uma doença sexualmente transmissível.

Em contato por telefone como o atual secretário de saúde, Maurício Coimbra, este disse que o protocolo adotado foi o correto, e que no momento, antes de se pronunciar oficialmente, vai investigar exatamente tudo o que ocorreu.

“Como gestor preciso ouvir os dois lados. Já requisitei todos os prontuários e depois vou conversar com todos. Inclusive e principalmente com os pacientes”, pontuou.

O secretário também explicou que infelizmente acidentes como esse ocorrem no âmbito da saúde. “Inclusive comigo já aconteceu duas vezes, onde a gente mesmo se ‘auto perfura’, por ‘Ns’ motivos, e a gente é obrigado a fazer tudo isso, é protocolo. Na década de 80 esse protocolo foi montado e eu fiz parte desse grupo, fomos nós que criamos e confio nele plenamente, a gente nunca teve problema, nunca. As medidas são imitadas em mais de 180 países, e com certeza nada de errado vai acontecer com essa criança”.

PREFEITURA – Em nota a assessoria de comunicação da prefeitura de Barra Velha informou que: “Houve um acidente envolvendo uma menor de idade e um material perfurante no Pronto Atendimento, na quarta-feira, 17. A paciente foi atendida e submetida ao protocolo determinado pelo Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde, sendo prestado todo o atendimento necessário a menor e a família”.

“Acidentes acontecem, fato, mas como fica a cabeça da minha filha nessa situação? Todos lá dentro me negaram inclusive passar o nome da profissional, ela deveria estar de crachá, ou não? Se não houve despreparo por que tanto medo, e por que ela errou na hora de medicar minha filha? E sobre a assistência que a prefeitura disse estar dando a família, até agora ninguém sequer ligou para saber como minha filha está ou para perguntar se estamos precisando de algo”, concluiu Silvana.

BENZETACIL – O Benzetacil é indicado para o tratamento de doenças causadas por bactérias sensíveis à penicilina G benzatina, e incluem:

• Infecções causadas pela bactéria Streptococcus do grupo A, desde que a infecção não tenha se espalhado para o sangue;

• Infecções do trato respiratório superior, como amigdalite ou faringite leve a moderada, ou infecções da pele;

• Infecções sexualmente transmissíveis causadas pelas bactérias da espécie Treponema como sífilis, bouba, sífilis endêmica ou pinta.

Com informações Portal Dani Meller.