Divulgação / Marcos et al/Zookeys
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Um fato inusitado animou a comunidade científica brasileira e internacional: o reaparecimento de um morcego da espécie Histiotus alienus, desaparecido por mais de 100 anos. O raro mamífero foi localizado em Palmas, Paraná, durante uma pesquisa de campo conduzida por um grupo de cientistas da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e da Universidade Federal do Paraná.
Originalmente, o Histiotus alienus foi descoberto em 1916 em Joinville pelo zoólogo britânico Oldfield Thomas. Desde então, a espécie entrou em um prolongado período de ausência, não sendo mais avistada em nenhum outro lugar. O retorno dessa espécie tão rara foi um dos destaques de um artigo publicado na prestigiada revista científica Zookeys.
Para a captura do animal, os pesquisadores empregaram redes de neblina, comumente usadas para capturar aves e morcegos selvagens. Ao comparar o morcego capturado com o Histiotus velatus, uma espécie mais comum na região, suspeitaram que poderiam estar diante de algo excepcional. Esse indício levou a uma análise mais aprofundada no Museu Nacional, no Rio de Janeiro.
Após estudos detalhados e comparações com outras espécies do mesmo gênero, os pesquisadores Dr. Vinícius C. Cláudio, M.Sc Brunna Almeida, Dr. Roberto LM Novaes, M.Sc Marcos A. Navarro, Dr. Liliani M. Tiepolo e Dr. Ricardo Moratelli confirmaram que o espécime capturado era, de fato, um Histiotus alienus. Isso ocorre 102 anos após o primeiro e último registro da espécie.
Atualmente, a espécie é classificada como "Dados Deficientes" pela União Internacional para a Conservação da Natureza. O fato de o novo registro ter ocorrido em uma Unidade de Conservação de proteção integral à natureza traz um alento: sugere que ao menos uma população do Histiotus alienus pode estar sob proteção.
Este achado ressalta a importância de unidades de conservação e pesquisas científicas em compreender e proteger a biodiversidade, principalmente quando se trata de espécies raras ou pouco conhecidas. O Histiotus alienus, com sua reaparição surpreendente, transforma-se em um símbolo do que ainda pode ser descoberto nas riquezas naturais do Brasil.
