Mulher abusada aos 9 anos se torna policial e prende o agressor em SC

Por Redação

Publicado em 06/02/2025 13h52 | Atualizado há 3 horas

A coragem de uma mulher transformou sua dor em força, sua angústia em determinação e sua sede de justiça em realidade. Jessica Lais Martinelli, 33 anos, uma policial civil de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, foi vítima de abusos sexuais quando ainda era criança. Cerca de 16 anos após começar a passar por esse sofrimento, ela conseguiu prender o próprio agressor.


Os abusos começaram quando ela tinha apenas nove anos. O homem era um amigo da família, que na época tinha 33. O horror vivido por ela perdurou por cerca de dois anos e meio e só cessou quando ele se afastou da família.


O medo e a vergonha a silenciaram por anos, impedindo-a de denunciar o que vivia. Sem ter segurança para contar para a família, Jessica desabafa com amigas da escola e com uma vizinha. Até que uma delas contou para a própria mãe, que conversou com Jessica e a encorajou a falar com alguém próximo dela. A jovem, então com 15 anos, contou o que havia passado para a irmã, que foi com ela à delegacia.
A pior sensação é quando você não é acreditada. E coisas que você acaba lendo, vendo e presenciando na própria atuação policial é a família não acreditar na vítima, e esse foi um dos motivos pelo qual eu não contava — relata a policial, em entrevista à NSC TV de Chapecó.


Mesmo após denunciar, ela continuou encontrando dificuldades na busca para que o homem que a violentou fosse responsabilizado. Dessa vez, para que acreditassem nela e o processo seguisse adiante. Jessica mais uma vez vivenciou as situações que fazem que muitas vítimas não tenham coragem ou mesmo nem saibam como relatar os abusos que sofrem.


Aos poucos, ela percebeu que precisava ressignificar sua trajetória e buscar formas para que a justiça realmente pudesse ser feita. A aproximação com a profissão ocorreu ao longo do tempo e foi fomentada pela admiração que tinha por policiais mulheres e pela força que essa imagem transmitia a ela.
Aos 25 anos, pouco depois de se tornar policial, Jessica fez parte da operação que prendeu o seu agressor. Ele foi detido no dia 22 de dezembro de 2016. O homem já está livre novamente; ele foi julgado com base em crimes contra os costumes, conforme determinava a Justiça na época em que os fatos ocorreram.


— Eu tive todo um conflito com a persecução penal, que vai desde o momento da denúncia, passa pelo Fórum, Ministério Público, processo de julgamento, condenação ou não e aí a execução, que é o que a gente espera, que é a pessoa ficar atrás das grades […] Para conseguir que realmente o meu caso desse certo eu tive que ir atrás, para conseguir a condenação desse autor — conta Jessica.
História de superação virou livro Jessica contra sua história de perseverança na busca por justiça em um livro intitulado ‘A Calha’, lançado no final de 2024. Mais do que expor o fato, sua história busca inspirar, encorajar e até oferecer um pouco de conforto a outras vítimas que passam pela mesma situação e, assim como ela, por vezes não encontravam voz para denunciar.


— A minha história é uma história de superação, sim. Mas é uma história de força. De vencer os próprios desafios. E vencer o que a vida te traz. Infelizmente, nem sempre o que a vida te traz são coisas boas — afirma.


Assim como Jessica, várias vítimas ficam em silêncio por muito tempo diante desse tipo de crime. A falta de diálogo dentro da família, de educação sexual e abertura para que crianças e jovens relatem o que sofrem, assim como a vergonha e o medo, impedem que os casos sejam conhecidos e ajuda os agressores a ficarem impunes.


— Pais, conversem com os seus filhos, orientem para que se acontecer algo diferente ou constrangedor com eles, eles tenham essa confiança para poder te contar o que está acontecendo. Ter confiança nos seus pais vai fazer toda a diferença para que, se qualquer situação estiver acontecendo com você, você vai conte — aconselha a policial civil.


O caso de Jessica é um retrato que representa o que ocorre em muitos lares brasileiros. Apenas em Santa Catarina, em 2024, foram registrados mais de 4 mil casos de estupro, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Justiça. Esse número representa uma média de 11 casos por dia, sendo as mulheres a maioria das vítimas (85%). Com informações NSC.

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Mulher abusada aos 9 anos se torna policial e prende o agressor em SC

Por Redação

Publicado em 06/02/2025 13h52 | Atualizado há 3 horas

A coragem de uma mulher transformou sua dor em força, sua angústia em determinação e sua sede de justiça em realidade. Jessica Lais Martinelli, 33 anos, uma policial civil de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, foi vítima de abusos sexuais quando ainda era criança. Cerca de 16 anos após começar a passar por esse sofrimento, ela conseguiu prender o próprio agressor.


Os abusos começaram quando ela tinha apenas nove anos. O homem era um amigo da família, que na época tinha 33. O horror vivido por ela perdurou por cerca de dois anos e meio e só cessou quando ele se afastou da família.


O medo e a vergonha a silenciaram por anos, impedindo-a de denunciar o que vivia. Sem ter segurança para contar para a família, Jessica desabafa com amigas da escola e com uma vizinha. Até que uma delas contou para a própria mãe, que conversou com Jessica e a encorajou a falar com alguém próximo dela. A jovem, então com 15 anos, contou o que havia passado para a irmã, que foi com ela à delegacia.
A pior sensação é quando você não é acreditada. E coisas que você acaba lendo, vendo e presenciando na própria atuação policial é a família não acreditar na vítima, e esse foi um dos motivos pelo qual eu não contava — relata a policial, em entrevista à NSC TV de Chapecó.


Mesmo após denunciar, ela continuou encontrando dificuldades na busca para que o homem que a violentou fosse responsabilizado. Dessa vez, para que acreditassem nela e o processo seguisse adiante. Jessica mais uma vez vivenciou as situações que fazem que muitas vítimas não tenham coragem ou mesmo nem saibam como relatar os abusos que sofrem.


Aos poucos, ela percebeu que precisava ressignificar sua trajetória e buscar formas para que a justiça realmente pudesse ser feita. A aproximação com a profissão ocorreu ao longo do tempo e foi fomentada pela admiração que tinha por policiais mulheres e pela força que essa imagem transmitia a ela.
Aos 25 anos, pouco depois de se tornar policial, Jessica fez parte da operação que prendeu o seu agressor. Ele foi detido no dia 22 de dezembro de 2016. O homem já está livre novamente; ele foi julgado com base em crimes contra os costumes, conforme determinava a Justiça na época em que os fatos ocorreram.


— Eu tive todo um conflito com a persecução penal, que vai desde o momento da denúncia, passa pelo Fórum, Ministério Público, processo de julgamento, condenação ou não e aí a execução, que é o que a gente espera, que é a pessoa ficar atrás das grades […] Para conseguir que realmente o meu caso desse certo eu tive que ir atrás, para conseguir a condenação desse autor — conta Jessica.
História de superação virou livro Jessica contra sua história de perseverança na busca por justiça em um livro intitulado ‘A Calha’, lançado no final de 2024. Mais do que expor o fato, sua história busca inspirar, encorajar e até oferecer um pouco de conforto a outras vítimas que passam pela mesma situação e, assim como ela, por vezes não encontravam voz para denunciar.


— A minha história é uma história de superação, sim. Mas é uma história de força. De vencer os próprios desafios. E vencer o que a vida te traz. Infelizmente, nem sempre o que a vida te traz são coisas boas — afirma.


Assim como Jessica, várias vítimas ficam em silêncio por muito tempo diante desse tipo de crime. A falta de diálogo dentro da família, de educação sexual e abertura para que crianças e jovens relatem o que sofrem, assim como a vergonha e o medo, impedem que os casos sejam conhecidos e ajuda os agressores a ficarem impunes.


— Pais, conversem com os seus filhos, orientem para que se acontecer algo diferente ou constrangedor com eles, eles tenham essa confiança para poder te contar o que está acontecendo. Ter confiança nos seus pais vai fazer toda a diferença para que, se qualquer situação estiver acontecendo com você, você vai conte — aconselha a policial civil.


O caso de Jessica é um retrato que representa o que ocorre em muitos lares brasileiros. Apenas em Santa Catarina, em 2024, foram registrados mais de 4 mil casos de estupro, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Justiça. Esse número representa uma média de 11 casos por dia, sendo as mulheres a maioria das vítimas (85%). Com informações NSC.

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