Inquérito sobre morte de Marília Mendonça aponta que não houve erro humano durante acidente

Contudo, faz menção a uma "avaliação inadequada" do piloto durante o pouso. Confira o que diz o documento:

Inquérito sobre morte de Marília Mendonça aponta que não houve erro humano durante acidente

Arquivo/ imagem ilustrativa

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A Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou, nesta segunda-feira (15), os detalhes do relatório sobre o acidente aéreo que resultou na morte da cantora Marília Mendonça e de outras quatro pessoas em 5 de novembro de 2021, na cidade de Piedade de Caratinga, situada na região do Vale do Rio Doce, no oeste de Minas Gerais.

Os resultados do inquérito, conduzido pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), não apontam diretamente para erro humano, mas fazem menção a uma “avaliação inadequada” do piloto durante o pouso.

Segundo o Cenipa, houve uma interpretação incorreta durante a fase de aproximação para o pouso. A perna do vento foi estendida além do comum para uma aeronave de 'Categoria de Performance B' em procedimentos de pouso sob VFR, indicando que o piloto pode ter alongado a descida para um pouso mais suave, mesmo que isso não seja apropriado.

"Estender a descida significa voar abaixo da altura correta, ficando na mesma altura dos cabos de aço das torres de alta tensão", pontuou o relatório.

George Sucupira, presidente da Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves, concorda que o piloto pode ter optado por esse tipo de pouso para proporcionar uma descida mais confortável aos passageiros.

O documento também revela que o piloto tinha experiência de dez anos como copiloto de aeronaves de maior porte, o que pode ter influenciado na decisão de realizar o pouso desta maneira.

O Cenipa confirmou que as licenças dos pilotos e da aeronave estavam em ordem e que a equipe tinha experiência neste tipo de voo. Não foi identificado nenhum defeito ou mau funcionamento na aeronave, nem quaisquer alterações médicas ou psicológicas que pudessem ter afetado o desempenho da tripulação.

O relatório também afirma que as condições meteorológicas eram adequadas para o voo e que a linha de transmissão atingida pela aeronave se enquadrava nos requisitos para ser considerada um obstáculo ou objeto que deveria ser sinalizado.

Robson Cunha, advogado da família de Marília Mendonça, destacou em entrevista coletiva que o relatório não indica erro humano ou falha mecânica.

"Em resumo, o Cenipa acredita que não houve nenhum erro nas decisões do piloto", afirmou Cunha. No entanto, ele enfatizou que o órgão recomendará que sejam instalados identificadores no cabo de alta tensão em que a aeronave colidiu.

Além de Marília, também perderam a vida no acidente o produtor Henrique Ribeiro, o tio e assessor da cantora, Abicieli Silveira Dias Filho, além do piloto e do co-piloto do avião, Geraldo Martins Medeiros e Tarcísio Pessoa Viana, respectivamente.

O Cenipa, em uma nota divulgada pelo advogado da família, ressaltou que seu objetivo é a prevenção de acidentes, e não atribuir culpa ou responsabilidade pelo ocorrido. O relatório busca identificar "possíveis fatores contribuintes que possam esclarecer questões técnicas relacionadas" ao acidente.

A conclusão da investigação listou os seguintes pontos:

  • Os pilotos tinham Certificados Médicos Aeronáuticos (CMA) válidos;
  • As habilitações de Avião Multimotor Terrestre (MLTE) e Voo por Instrumentos – Avião (IFRA) dos pilotos estavam válidas;
  • Os pilotos estavam qualificados e possuíam experiência no tipo de voo;
  • A aeronave tinha o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) válido até 01 de julho de 2022;
  • A aeronave estava dentro dos limites de peso e balanceamento;
  • As anotações das cadernetas de célula, motores e hélices estavam atualizadas;
  • Não foram identificadas falhas ou mau funcionamento de sistemas e/ou componentes da aeronave que pudessem ter afetado o desempenho ou controle em voo;
  • Não foram encontradas alterações de ordem médica ou psicológica, no período anterior ao acidente, que pudessem ter afetado o desempenho dos pilotos em voo;
  • As condições meteorológicas eram favoráveis para a realização do voo;
  • A situação do aeródromo de SNCT estava regular, tanto em relação à inscrição no cadastro de aeródromos da ANAC, quanto em relação à aprovação do Plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromo (PBZPA) junto ao DECEA;
  • Havia uma linha de transmissão de 69 kV fora dos limites de Zona de Proteção de Aeródromo (ZPA) de SNCT;
  • A linha de transmissão de 69 kV não se enquadrava nos requisitos que a qualificassem como um obstáculo ou objeto passível de ser sinalizado;
  • A aproximação da aeronave foi iniciada a uma distância significativamente maior do que a usual para uma aeronave de "Categoria de Performance B" e com uma separação em relação ao solo muito reduzida;
  • A colisão da aeronave contra o cabo para-raios resultou em esforços de tração que arrancaram o motor esquerdo de sua fixação, ainda em voo, e causou a total perda de controle da aeronave;
  • A aeronave impactou o solo com elevada razão de afundamento, com grande inclinação lateral para a esquerda e atitude próxima à nivelada;
  • A aeronave sofreu danos substanciais;
  • Todos os ocupantes sofreram lesões fatais.