Médico que já foi condenado por morte em lipoaspiração é indiciado por caso gravíssimo em SC

Marcelo Evandro dos Santos, com mais de 37 mil seguidores nas redes, enfrenta denúncias e processos judiciais

Médico que já foi condenado por morte em lipoaspiração é indiciado por caso gravíssimo em SC

Foto / reprodução / NSC

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O cirurgião plástico Marcelo Evandro dos Santos, de Florianópolis, tornou-se o centro de um escândalo após ser indiciado por lesão corporal gravíssima, acusado de ter causado danos sérios a uma paciente que se submeteu a 12 procedimentos estéticos em um único dia. Com mais de 37 mil seguidores nas redes sociais, ele se apresenta como especialista em cirurgias plásticas, especialmente em procedimentos relacionados ao abdômen, mamas e a lipoaspiração chamada por ele de “lipo de definição”. Contudo, denúncias e processos judiciais começaram a levantar questões sobre a segurança e os métodos empregados pelo médico.

De acordo com o g1, a paciente em questão, a neuropsicopedagoga Letícia Mello, relatou uma experiência aterrorizante após o tratamento. Em janeiro deste ano, Letícia consultou Marcelo Evandro com o objetivo inicial de trocar as próteses de silicone, mas acabou seduzida pela possibilidade de realizar outros procedimentos. Segundo a paciente, o médico sugeriu tirar flacidez da barriga e de outras áreas do corpo, além de retirar gordura das costas e reposicioná-la em outras partes. O resultado? Ela passou por 12 cirurgias consecutivas, totalizando 10 horas no centro cirúrgico e a retirada de cerca de sete quilos de gordura.

Os problemas começaram logo após o procedimento. Letícia descreve que teve sérias complicações, incluindo dificuldades respiratórias, paralisia do lado direito do corpo e múltiplas infecções que a levaram a passar 11 dias na UTI e mais de dois meses internada. “Meu corpo começou a criar bolhas, a queimar, e eu fiquei praticamente necrosando”, relatou em entrevista à NSC TV. Após esse calvário, a paciente denunciou o caso à Polícia Civil de Santa Catarina, o que resultou no indiciamento do cirurgião na última segunda-feira (14).

O delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, afirmou que o tempo de duração das cirurgias e a quantidade de gordura retirada ultrapassaram o que é previsto pela literatura médica, o que configuraria negligência por parte do médico. Segundo o artigo 129 do Código Penal, lesão corporal grave pode resultar em pena de um a cinco anos de prisão.

Marcelo Evandro dos Santos é membro de diversas associações de cirurgiões plásticos, incluindo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), e possui uma extensa lista de especializações. Contudo, esse não é o único processo ao qual ele responde. Conforme levantamento feito pelo g1, o médico já foi condenado ao menos quatro vezes na esfera civil por danos morais, incluindo um caso de 2021, quando foi obrigado a indenizar a família de uma paciente do Paraná que faleceu após uma lipoaspiração realizada por ele. A juíza responsável pela sentença destacou que o cirurgião foi negligente durante o procedimento e que a clínica onde ele operava não tinha as condições adequadas para atender emergências.

Além das condenações, outros três processos seguem tramitando na Justiça, aumentando o questionamento sobre a conduta profissional do médico. De acordo com informações apuradas pelo g1, o Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) instaurou uma sindicância para investigar a atuação do cirurgião. Contudo, devido ao sigilo processual, a entidade não pode se pronunciar sobre os casos em andamento.

Mesmo diante das acusações, Marcelo Evandro dos Santos continua defendendo sua prática médica. Em nota, ele afirmou sempre ter priorizado o bem-estar de seus pacientes, fornecendo todas as orientações pré e pós-operatórias necessárias. Ele também ressaltou que as complicações enfrentadas pela paciente poderiam ser consequência de reações biológicas individuais, algo que, segundo ele, é informado aos pacientes antes das cirurgias.

O médico também mencionou seu histórico profissional, afirmando realizar, em média, 300 cirurgias por ano e que está constantemente atualizando seus conhecimentos através de congressos e cursos especializados. “Tenho confiança na ética e no comprometimento com que conduzo o meu trabalho e estou seguro de que todas as acusações serão esclarecidas na justiça”, declarou Marcelo.

Por enquanto, as investigações seguem, e o cirurgião aguarda os desdobramentos legais. As denúncias contra ele, no entanto, já acenderam um alerta em pacientes e colegas da área, trazendo à tona a importância de maior fiscalização em procedimentos estéticos e maior cuidado na escolha de profissionais dessa área tão sensível.