As chaminés das fábricas em Tijucas estão trabalhando a todo vapor, mas a falta de mão de obra ameaça desacelerar esse crescimento. Uma cidade que já passou por transformações notáveis em seu passado, agora enfrenta um novo desafio: preencher mais de 1.000 postos de trabalho disponíveis.
A cidade de Tijucas, localizada estrategicamente no estado de Santa Catarina, está enfrentando uma situação paradoxal. Com uma expansão industrial e imobiliária vertiginosa, a cidade está lutando para preencher mais de 1.000 vagas de emprego, com 300 delas listadas no SINE.
Tijucas vive uma realidade completamente diferente da que se projetou em seu passado. Após a derrocada da Marinha Mercante e o encerramento da USATI, a cidade tem visto um crescimento acelerado. Hoje, Tijucas ostenta até um shopping, um marco que sequer era cogitado até alguns poucos anos atrás.
Até mesmo o Rio Tijucas, uma vez fonte de pesadelos para os moradores do século XX, agora é explorado para lazer e transporte, com uma marina de onde saem lanchas e jet skis para todo o litoral de Santa Catarina e grandes embarcações como catamarãs sendo construídas às suas margens.
A indústria tem se diversificado, e grandes áreas logísticas estão surgindo onde antes só havia pastagens. Com um crescimento de mais de 7% entre 2019 e 2020, e um PIB que ultrapassa a média nacional em 35%, Tijucas está se posicionando como um centro de crescimento no Vale.
Essa explosão de crescimento levou a um aumento significativo na população, que já ultrapassa os 52 mil habitantes. Todos os dias, novos moradores chegam à cidade, ansiosos para aproveitar as oportunidades que estão surgindo.
No entanto, esse rápido desenvolvimento está enfrentando obstáculos. Grandes empresas, como a Alemão Inox, estão lutando para encontrar mão de obra qualificada suficiente. A falta de um polo profissionalizante em Tijucas é citada como um dos principais problemas, levando muitas empresas a deixarem de atender e receber novos clientes devido à falta de profissionais.
“Na verdade, todo o setor metalúrgico está sofrendo com esse déficit de mão de obra”, explica o proprietário da Alemão Inox. Em uma tentativa de enfrentar essa questão, a empresa está oferecendo cursos e treinamentos para suas equipes, encerrando os turnos mais cedo para permitir a participação em palestras motivacionais e de desenvolvimento comportamental.
Entretanto, a questão da mão de obra não é apenas de quantidade, mas também de qualidade. As empresas estão enfrentando dificuldades para encontrar profissionais como engenheiros, projetistas e desenhistas, postos com salários atrativos, mas que exigem alta qualificação.
A Alemão Inox, por exemplo, está desde outubro de 2022 buscando preencher vagas para torneiro mecânico, soldador, projetistas e desenhistas. Já outra fábrica em Tijucas precisou trocar 80 funcionários em apenas seis meses, em um rodízio de contratações e demissões que causou um impacto financeiro significativo.
Em meio a esses desafios, Tijucas está em busca de soluções. O rápido crescimento que a cidade experimentou em tão pouco tempo trouxe consigo desafios consideráveis. Agora, o foco está em encontrar formas de preencher as vagas abertas e garantir que o crescimento de Tijucas continue a todo vapor.
Enquanto isso, a Prefeitura de Tijucas, através do Secretário de Desenvolvimento Econômico, Jean do Nico, segue incisivamente tentando viabilizar mais treinamentos e cursos para a população.
“Tivemos a confirmação por parte do prefeito Eloi de que mais cursos serão oferecidos junto ao SENAI nas próximas semanas. O processo já está em licitação e em breve divulgaremos. Todavia, não conseguimos atender a demanda cada vez mais crescente de trabalhadores que vem para Tijucas em busca de oportunidades. Nossa terra tem, de fato, muita oportunidade e são todos bem-vindos, mas precisamos o quanto antes viabilizar ainda mais conhecimento e treinamento para estes profissionais. Uma das soluções é através da iniciativa público-privada. Já fizemos anteriormente e foi um sucesso. As portas estão abertas para demais empresas que tenham interesse”, explica William Clemes, Diretor de Desenvolvimento Econômico de Tijucas.