Nesta quinta-feira, a primeira-dama Janja se tornou uma figura central na comunicação do governo, especialmente após o presidente Lula sugerir a introdução de um "impostozinho" nas carnes. Em um movimento que muitos veem como uma tentativa de suavizar a polêmica em torno da reforma tributária, Janja assumiu a linha de frente, mas sua abordagem está sendo questionada pela veracidade das suas afirmações.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, Janja afirmou que a nova reforma tributária traria isenção total para carnes, garantindo que os consumidores não seriam prejudicados. No entanto, essa declaração não condiz com a realidade dos fatos. A proposta do Ministério da Fazenda, liderada por Fernando Haddad, nunca incluiu uma isenção total para carnes, e sim uma alíquota reduzida.

A verdade é que a inserção das carnes na lista de alimentos com 100% de isenção foi um dos pontos mais controversos e discutidos na Câmara dos Deputados. O presidente Arthur Lira (PP-AL) liderou uma demonstração de força, aprovando o texto principal com 336 votos a favor e 142 contra, em meio a um intenso lobby dos setores agropecuário e de comércio.

A Fazenda tentou barrar essa determinação, argumentando que a isenção total de carnes elevaria a alíquota padrão do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) de 26,5% para 27,1%, causando um impacto negativo na arrecadação. Contudo, a pressão da oposição e dos congressistas ligados ao setor agropecuário prevaleceu.

Durante a votação dos destaques, o relator do projeto, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), propôs que o tema fosse votado de forma simbólica, sem registro nominal. Isso gerou aplausos de parte dos deputados, mas também acusações de manipulação e falta de transparência por parte da oposição.

Janja, em sua tentativa de defender as ações do governo, acabou por desinformar a população. A inclusão das carnes na cesta básica com alíquota zero foi, na verdade, uma conquista atribuída aos esforços do PL (Partido Liberal) e dos setores do agronegócio, e não uma iniciativa do governo Lula, como ela afirmou.

A verdade é que o governo se viu forçado a recuar diante da iminente aprovação do destaque pelo Congresso, reconhecendo que não conseguiria barrar a proposta. Essa reviravolta expôs a fragilidade e a descoordenação entre as diversas alas do governo e o Ministério da Fazenda.