Mar avança sobre a orla e causa destruição em Itapema: “se foi a areia da Meia praia”
Por equipe Jornal Razão
Publicado em 07/10/2025 11h51| Atualizado há 33 dias
Compartilhar:
Em Itapema, a maioria dos danos ocorreu na região da Meia Praia. Desde a madrugada, a Prefeitura mobilizou uma força-tarefa envolvendo as secretarias de Turismo, Obras e Serviços Públicos e a empresa Ambiental, concessionária responsável pela limpeza urbana, para conter os impactos, garantir a segurança da população e minimizar os prejuízos.
A cidade de Itapema, no Litoral Norte de Santa Catarina, enfrenta nesta terça-feira (7) as consequências de uma das mais fortes ressacas dos últimos anos, que provocou destruição ao longo das orlas de diversas cidades catarinenses.
Clique e receba notícias do Jornal Razão em seu WhatsApp: Entrar no grupo
Em Itapema, a maioria dos danos ocorreu na região da Meia Praia. Desde a madrugada, a Prefeitura mobilizou uma força-tarefa envolvendo as secretarias de Turismo, Obras e Serviços Públicos e a empresa Ambiental, concessionária responsável pela limpeza urbana, para conter os impactos, garantir a segurança da população e minimizar os prejuízos.
O avanço do mar, impulsionado por ventos intensos e maré alta, destruiu decks de madeira, calçadas, quiosques e estruturas de apoio próximos à faixa de areia. Parte das escadas de acesso ao calçadão foi danificada, e diversos pontos da Meia Praia precisaram ser isolados por risco de desabamento. O trecho mais afetado fica entre as ruas 265 e 307, onde a força das ondas derrubou trechos inteiros de estrutura e levou comerciantes a retirar equipamentos e mercadorias para evitar novos danos.
A Secretaria de Turismo coordena o mapeamento dos locais atingidos e o isolamento de áreas de risco, enquanto a Secretaria de Obras atua na remoção de entulhos e na recuperação emergencial da infraestrutura comprometida. Já a empresa Ambiental reforçou o trabalho de limpeza e retirada de detritos trazidos pela água.
“Neste momento, nossa prioridade é garantir a segurança da população e reduzir os impactos causados pela força do mar. Estamos com todas as equipes mobilizadas, trabalhando de forma coordenada para restabelecer as condições da orla o mais breve possível”, afirmou a secretária de Turismo, Pati Marin.
De acordo com a Defesa Civil de Itapema, há previsão de novas ressacas no período da tarde, o que mantém as equipes municipais em estado de atenção e prontidão. Os permissionários dos quiosques impactados foram orientados a esvaziar os locais, e alguns decks seguem interditados.
A Prefeitura avalia a decretação de situação de emergência para agilizar os processos de recuperação e garantir acesso a recursos estaduais e federais. O governo municipal monitora constantemente as condições climáticas e reforça o alerta para que moradores e turistas evitem circular pela faixa de areia e pelas estruturas danificadas até a normalização do mar.
Fenômeno natural e causas da destruição
A ressaca ocorre quando ventos fortes vindos do oceano, geralmente associados a frentes frias ou ciclones extratropicais, empurram as ondas em direção à costa. Quando esse fenômeno coincide com a maré alta, o mar avança sobre a faixa de areia, provocando erosão costeira e danos estruturais.
Segundo especialistas, as mudanças climáticas têm agravado esse tipo de evento, tornando-o mais frequente e destrutivo. Em Itapema, a força das ondas foi suficiente para deslocar barreiras naturais, romper bases de madeira dos decks e causar erosão na faixa de areia, o que pode comprometer ainda mais a infraestrutura litorânea caso novos episódios se repitam nos próximos dias.
Erosão costeira atinge outras cidades catarinenses
O caso de Itapema não é isolado. Quatro cidades do Litoral Norte de Santa Catarina — São Francisco do Sul, Balneário Barra do Sul, Itapoá e Barra Velha — já decretaram situação de emergência devido aos impactos da erosão costeira e de fortes ressacas marítimas.
A primeira a adotar a medida foi São Francisco do Sul, em junho, após relatórios da Defesa Civil indicarem processos erosivos avançados. Em agosto, os decretos foram publicados por Balneário Barra do Sul e Itapoá, e, agora, na última semana, Barra Velha também decretou estado de emergência por 180 dias, após a força do mar destruir trechos da orla e ameaçar moradias.
Em Barra Velha, o decreto nº 2.262/2025 cita danos severos à infraestrutura costeira, bloqueios de vias públicas e risco muito alto em pontos críticos como as praias da Península e das Pedras Brancas e Negras. A medida autoriza intervenções emergenciais, incluindo obras de contenção, recomposição de orlas e reparos estruturais.
O município também apresentou ao Instituto do Meio Ambiente (IMA) um projeto de instalação de molhes nas praias do Grant e das Pedras Brancas e Negras, com o objetivo de conter o avanço das águas. Os estudos técnicos já foram realizados e o projeto está em fase de licenciamento ambiental, que pode levar até dois anos para ser concluído.
A Defesa Civil de Santa Catarina acompanha a situação em toda a faixa litorânea e alerta para que moradores evitem áreas próximas à orla durante períodos de mar agitado. O órgão reforça que os eventos climáticos extremos vêm se tornando cada vez mais intensos e que a tendência é de aumento da vulnerabilidade das cidades costeiras, exigindo planos de contenção mais eficazes e monitoramento contínuo.
A expectativa é de que o Governo do Estado homologue os decretos municipais já em vigor para agilizar o repasse de recursos e permitir o início das obras emergenciais nas cidades mais afetadas.
Em Itapema, enquanto o mar recua lentamente, a orla segue tomada por entulhos, estruturas danificadas e faixas de isolamento. O município, que é um dos principais destinos turísticos de Santa Catarina, tenta agora equilibrar ações emergenciais com a prevenção de novos desastres, em um cenário que reflete o desafio cada vez maior de conviver com a força imprevisível da natureza.
O governador Jorginho Mello (PL) voltou a causar repercussão nas redes sociais neste domingo (9) ao publicar uma sequência de imagens em tom de brincadeira com o título “Passaporte Catarina”.