O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a fazer declarações contundentes neste domingo (16) durante uma manifestação na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro. Em meio a um ato que pedia anistia aos presos pelos acontecimentos de 8 de janeiro de 2023, Bolsonaro afirmou que continuará sendo um problema para o Supremo Tribunal Federal (STF), mesmo que seja “preso ou morto”.
O ex-presidente relembrou que estava nos Estados Unidos no dia da invasão às sedes dos Três Poderes em Brasília e sugeriu que, caso estivesse no Brasil, poderia ter sido alvo de prisão ou algo pior.
“Eu estava nos Estados Unidos. Se eu estivesse aqui, estaria preso até hoje ou quem sabe morto por eles. Eu vou ser um problema para eles, preso ou morto. Mas eu deixo acesa a chama da esperança, da libertação do nosso povo”, declarou Bolsonaro para uma multidão de apoiadores.
Os atos de 8 de janeiro são um dos principais argumentos da Procuradoria-Geral da República (PGR) para denunciar Bolsonaro e 33 aliados por um suposto plano de golpe de Estado. A Primeira Turma do STF deve decidir nos dias 25 e 26 de março se Bolsonaro e outros acusados se tornarão réus. Segundo a Polícia Federal, o ex-presidente faria parte do chamado “Núcleo 1”, grupo que teria liderado a suposta articulação para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As acusações incluem organização criminosa armada, golpe de Estado e dano ao patrimônio público.
Durante o discurso, Bolsonaro voltou a contestar a denúncia da PGR e atacou o ministro Alexandre de Moraes, relator das ações contra ele no STF. Também questionou o sistema eleitoral e sua inelegibilidade até 2030.
“O nosso governo fez o seu trabalho. Por que perdeu a eleição? Será que a resposta está no inquérito 1.361, secreto até hoje?”, provocou o ex-presidente, referindo-se à investigação que levou à sua condenação por abuso de poder político.
Ainda sobre as eleições de 2022, Bolsonaro alegou que houve parcialidade da Justiça Eleitoral. “Houve sim uma mão pesada do Alexandre de Moraes por ocasião das eleições. Eu não podia mostrar imagens do Lula defendendo o aborto, do Lula falando que celular era para tomar uma cervejinha, do Lula com ditadores”, afirmou.
Apesar de estar inelegível até 2030, Bolsonaro se colocou como alternativa para 2026 e sugeriu que sua situação pode mudar. “Me tornaram inelegível por quê? Pegaram dinheiro na minha cueca? Alguma caixa de dinheiro no meu apartamento? Algum desfalque em estatal? Foi porque me reuni com embaixadores e porque subi no carro de som do Silas Malafaia?”, questionou.
O ex-presidente também garantiu que não pretende deixar o Brasil. “Não vou sair do Brasil. A minha vida estaria muito mais tranquila se eu tivesse do lado deles. Mas escolhi o lado do meu povo brasileiro”, reforçou.
Bolsonaro ainda assegurou que a anistia para os presos dos atos de 8 de janeiro será aprovada no Congresso. “Nós seremos vitoriosos. Nós veremos aparecer a Justiça. Se não é para aquele outro Poder que existe para isso, pelo Poder Legislativo. Até se o Lula vetar, nós derrubaremos o veto”, prometeu, arrancando aplausos do público presente.
A manifestação reuniu uma grande quantidade de apoiadores, que entoaram palavras de ordem contra o STF e em defesa da liberdade dos investigados pelos eventos de 8 de janeiro. A expectativa agora gira em torno da decisão do STF nos próximos dias e do andamento do PL da Anistia no Congresso.
