Na manhã desta terça-feira (17), um professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) se revoltou publicamente contra a greve dos trabalhadores do transporte público de Florianópolis. A discussão ocorreu no TICEN, o Terminal do Centro da Capital de SC, e viralizou nas redes sociais após ser registrada em vídeo da página Floripa Mil Grau.
Durante o desabafo, o docente, identificado por alunos como Marcelo Carvalho, se aproximou de funcionários em greve e criticou duramente a paralisação. Ele afirmou que a ação estava prejudicando diretamente a população que depende do transporte coletivo para trabalhar e estudar.
“Isso é sacanagem! Vocês exploram o povo. Se eu estivesse na sua posição, não faria isso. Essa greve está contra quem mais precisa: o povo trabalhador”, disparou o professor.
Ele continuou o discurso, declarando que seguiria para a universidade de Uber com recursos próprios:
“Vou dar minha aula e vou dizer o que vocês estão fazendo com o povo. Sejam honestos, joguem limpo. Porque o povo tem direito de saber quando vai parar e se organizar.”
O vídeo mostra também o momento em que o professor diz que nunca aderiu a greves na universidade e que considera antiético receber salário sem cumprir suas funções:
“Eu não aceito ser pago se eu não trabalho! Isso é roubo! Pergunta lá na UFSC se já faltei aula por greve. Eu tenho compromisso com os meus alunos.”
A discussão gerou forte repercussão nas redes sociais, com a maioria dos comentários apoiando o posicionamento do professor. “Esse homem me representa”, escreveu uma internauta. Outro comentou: “Só falou o que todo trabalhador queria dizer essa semana.”
Apesar do apoio, alguns usuários questionaram o fato de um professor da UFSC criticar a greve dos outros, lembrando que docentes também costumam paralisar atividades.
No entanto, o próprio professor rebateu durante a fala que não compactua com greves, independentemente da categoria.
“Querem parar? Parem! Mas parem com responsabilidade, sem ferrar o trabalhador que acorda cedo, pega ônibus e chega no terminal sem saber o que vai encontrar. Isso é sujeira.”
A polêmica evidenciou um ponto central da insatisfação popular: a falta de aviso prévio e de organização da greve. Muitos usuários das redes reclamaram de ter ido até os pontos de ônibus sem saber que não haveria transporte, o que causou atrasos, faltas e prejuízos diversos.
A greve dos ônibus em Florianópolis chegou ao quarto dia nesta terça-feira (17) e continua sem previsão de encerramento. A paralisação, iniciada na quinta-feira (12), afeta principalmente as regiões Norte, Leste e Central da cidade, deixando passageiros sem transporte logo nas primeiras horas da manhã. As empresas Transol e Canasvieiras mantêm os veículos nas garagens, enquanto o Sul da Ilha e a parte continental ainda não foram diretamente afetados.
Segundo a prefeitura, vans privadas devem ser disponibilizadas por R$ 15 a R$ 20 para auxiliar a população, e o monitoramento das linhas pode ser feito pelo aplicativo Floripa no Ponto.
A situação se agravou após as empresas retirarem a proposta que havia sido apresentada aos trabalhadores, alegando quebra de acordo por parte do sindicato. A oferta incluía reajuste salarial de 6%, aumento no vale-alimentação e bonificações por acúmulo de função, além de melhorias pontuais como o pagamento do exame toxicológico.
Por outro lado, os trabalhadores exigem mais. Reivindicam 3% de ganho real além do INPC, vale-alimentação de R$ 1.300, aumento da gratificação por funções acumuladas e melhores condições de trabalho. Segundo o sindicato, os profissionais estão sobrecarregados desde a pandemia, realizando múltiplas funções sob forte estresse e escalas apertadas.
A greve afeta também municípios vizinhos como São José, Palhoça, Biguaçu e outros da região metropolitana. Sem consenso entre patrões e empregados, o impasse segue e o transporte público da Grande Florianópolis continua instável.